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sexta-feira, 17 de julho de 2009

Podemos prestar culto aos santos?


O culto dos Santos e a estima de suas relíquias são contestadas pelos protestantes; os discípulos de Lutero julgam haver nisto graves desvios doutrinários, que eles atribuem à Tradição católica.


Mas essa prática é plenamente justificada pela Tradição cristã mais antiga, apoiada na Bíblia, desde o Antigo Testamento. Com a certeza de que os Santos já estão no Céu, a Igreja, sempre assistida pelo Espírito Santo (cf Jo 16, 12-13), já nos seus primeiros tempos, começou a prestar veneração particular àqueles falecidos que tiveram uma vida confessando Jesus Cristo, especialmente pelo martírio.


O culto de veneração (não de adoração) dos Santos foi até o século XVI prática tranqüila e óbvia entre os cristãos. Note bem, durante dezesseis séculos não houve contestação a esta prática. O Concílio de Trento (1545-1563) confirmou a validade e importância deste culto, ao mesmo tempo que ensinou a evitar abusos e mal-entendidos muitas vezes enraizados na religiosidade popular. Também o Concílio do Vaticano II (1963-65) reiterou esta doutrina, mostrando o aspecto cristocêntrico e teocêntrico do culto aos santos.


A comunhão entre os membros do povo de Deus não é extinta com a morte; ao contrário, o amor fraterno é liberto de falhas devidas ao pecado na outra vida, o que faz esta união mais forte.


Deus, que gera esta comunhão, proporciona aos Santos no céu o conhecimento de nossas necessidades para que eles possam interceder por nós, como intercederiam se estivessem na Terra. Santa Terezinha do Menino Jesus, dizia que “passaria a sua vida na Terra”; isto é, viveria o Céu intercedendo pelos da Terra. Uma das orações eucarísticas da santa Missa diz que “os Santos intercedem no Céu por nós diante de Deus, sem cessar.” Que maravilha!


Esta intercessão leva-nos mais a fundo dentro do plano de Deus, porque promove a glória de Deus e o louvor de Jesus Cristo, uma vez que os Santos são “obras-primas” de Cristo, que nos levam, por suas preces e seus exemplos, a reconhecer melhor a grandeza da nossa Redenção.


O culto aos Santos tem ao menos três sentidos profundos:


1 – dá glória a Deus, de quem os Santos são obras primas de sua graça; são Santos pela graça de Deus.


2 – suplicam a eles a sua intercessão por nós e pela Igreja;


3 – mostram-nos os Santos como modelos de vida a serem imitados uma vez que amaram e serviram a Deus perfeitamente.


É entranhada na teologia católica a devoção aos Santos, embora não seja obrigatória. Ela surge de uma perfeita compreensão do plano salvífico de Deus, especialmente quando se refere à Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens (cf. Jo 19,25-27).



Prof. Felipe Aquino

Fonte: Cleofas

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A CIÊNCIA E A FÉ



A CIÊNCIA E A FÉ






Ouvi o testemunho de Elizabete Comparini Arcolino, esposa de Carlos Arcolino, da cidade de Franca. Viviam bem, como um casal normal, mas não sem problemas. Tinham filhos, porém na última gravidez, Elizabete ficou exatamente entre a vida e a morte. No terceiro mês, ela perde todo o líquido amniótico e a única indicação médica é o abortamento.






Seria, segundo a lei brasileira, um aborto chamado legal. Mas acima de qualquer lei está a consciência, o santuário íntimo de cada pessoa. No conflito gerado entre a orientação médica e suas preocupações humanitárias, não querendo fazer mal ao bebê, ela recebe a visita de um Bispo que lhe fala sobre Dra. Giana Beretta Mola, médica italiana, de profunda convicção religiosa e de sólida formação católica, que passou pelos mesmos problemas, em 1962, e preferiu perder sua própria vida para que sua filha nascesse.






Tendo em vista sua vida virtuosa de mãe e médica, e seu expressivo trabalho apostólico, foi beatificada pela Igreja e esperava-se o milagre de Deus, realizado por sua intercessão, para a canonização. Também Elizabete, no Brasil, estava disposta a dar a vida para não abortar sua filhinha em formação no seu ventre, mas suas três outras crianças ainda pequenas vinham-lhe à mente, preocupando-se em deixá-las órfãs.






Momento cruciante foi quando, no leito do hospital, sua filhinha de sete anos, lhe telefona para dizer: "mamãe, o nenê já morreu?" -"Não, filhinha, o nenê está bem". Continua a filha: "Mamãe, ouvi a médica dizer para a vovó que se o nenê não morrer, quem vai morrer é a senhora". A palavra de sua inocente criatura veio mais uma vez cortar-lhe o coração, contudo, não se abalou sua fé e nem muito menos a convicção de que não deveria provocar a morte do bebê.






Diante da semelhança dos casos de Elizabete e Giana, vendo a aflição e a fé inabalável daquela mãe francana, o Bispo dobra seus joelhos diante de Jesus Sacramentado, e pede a intervenção divina, por meio de Giana Beretta Mola. Apesar de toda a insistência e mesmo pressão por parte de médicos e outras pessoas, Elizabete permanece firme em seu propósito de não interromper a gravidez, confiando totalmente na bondade e no poder de Deus.






Alcançou a graça.




Contra todos os prognósticos da ciência, nasce perfeita a criança em tempo certo dos nove meses de gravidez e a mãe prossegue sua vida, sem nenhuma seqüela. Batizou a linda menininha com o nome de Giana, a testemunha viva do amor de Deus e da intercessão dos santos. Tal fato foi rigorosamente examinado pela medicina no Brasil e na Europa e, constatada a ausência de qualquer explicação científica, a Congregação das Causas dos Santos, em Roma, definiu a canonização da médica, da cidade de Lucca, celebrada, então, pelo Papa João Paulo II.






A pequena Giana brasileira está hoje desenvolvida, expandindo saúde e alegria, como expressão eloqüente da vitória da vida contra a morte. O milagre existe. Creiam ou não. Não aceitar esta verdade seria uma agressão à inteligência humana, por causa da evidência dos fatos. Alguns detalhes só se explicam mesmo pela fé.






É interessante recordar que a Dra. Giana Beretta Mola, motivada pelo seu irmão sacerdote, missionário no Brasil, tinha grande desejo de vir também ela para nosso País e exercer a medicina em favor dos mais necessitados. Para isso se preparou e estudou português por sete anos. O que não pode realizar em vida, o bondoso Pai do céu lhe está permitindo fazer após sua entrada na eternidade.




Acrescente-se ainda o fato de ser Carlos, o marido de Elizabete, um convertido que deixou o mundo das drogas e também foi curado de doença considerada incurável, após fervorosas orações e súplicas ao bondoso Deus. Tudo isto significou para Carlos e Elizabete o compromisso de se transformarem em missionários da vida e do amor de Deus, indo pelo Brasil e pelo mundo, apresentando a veracidade dos fatos, comprovando que entre ciência e fé há uma relação estabelecida pelo Criador, em favor da dignidade da pessoa humana, criada à sua imagem e semelhança.






Dom Gil Antônio MoreiraBispo Diocesano de Jundiaí/SP




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quarta-feira, 20 de maio de 2009

São Bernardino de Sena



Como sabemos, os Santos, além de intercederem por nós no céu, também são exemplo de vida a ser seguidos por nós. Segue um pouco da história do Santo comemorado no dia de hoje.


Abraços




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SÃO BERNARDINO DE SENA




Na Itália, Bernardino nasceu na nobre família senense dos Albizzeschi, em 8 de setembro de 1380, na pequena Massa Marítima, em Carrara. Ficou órfão da mãe quando tinha três anos e do pai aos sete, sendo criado na cidade de Sena por duas tias extremamente religiosas, que o levaram a descobrir a devoção a Nossa Senhora e a Jesus Cristo.
Depois de estudar na Universidade de Sena, formando-se aos vinte e dois anos, abandonou a vida mundana e ingressou na Ordem de São Francisco, cujas regras abraçou de forma entusiasmada e fiel. Apoiando o movimento chamado "observância", que se firmava entre os franciscanos, no rigor da prática da pobreza vivida por são Francisco de Assis, acabou sendo eleito vigário-geral de todos os conventos dos franciscanos da observância.
Aos trinta e cinco anos de idade, começou o apostolado da pregação, exercido até a morte. E foi o mais brilhante de sua época. Viajou por toda a Itália ensinando o Evangelho, com seus discursos sendo taquigrafados por um discípulo com um método inventado por ele. O seu legado nos chegou integralmente e seu estilo rápido, bem acessível, leve e contundente, se manteve atual até os nossos dias.
Os temas freqüentes sobre a caridade, humildade, concórdia e justiça, traziam palavras duríssimas para os que "renegam a Deus por uma cabeça de alho" e pelas "feras de garras compridas que roem os ossos dos pobres".
Naquela época, a Europa vivia grandes calamidades, como a peste e as divisões das facções políticas e religiosas, que provocavam morte e destruição. Por onde passava, Bernardino restituía a paz, com sua pregação insuperável, ardente, empolgante, até mesmo usando de recursos dramáticos, como as fogueiras onde queimava livros impróprios, em praça pública.
Além disso, como era grande devoto de Jesus, ele trazia as iniciais JHS - Jesus Salvador dos Homens - entalhadas num quadro de madeira, que oferecia para ser beijado pelos fiéis após discursar. As pregações e penitências constantes, a fraca alimentação e pouco repouso enfraqueciam cada vez mais o seu físico já envelhecido, mas ele nunca parava. Aos sessenta e quatro anos de idade, Bernardino morreu no convento de Áquila, no dia 20 de maio de 1444. Só assim ele parou de pregar.
Tamanha foi a impressão causada por essa vida fiel a Deus que, apenas seis anos depois, em 1450, foi canonizado.
São Bernardino de Sena é o patrono dos publicitários italianos e de todo o mundo.
Fonte: Paulinas On-line
Recebido pelo grupo Mensagem Cristã

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Comunhão dos Santos



A Comunhão dos santos





Comunhão quer dizer "comum união" , e Comunhão dos Santos quer dizer união comum com Jesus Cristo de todos os santos do céu, das almas do purgatório e dos fiéis que ainda peregrinam na terra.





É a união de todos os santos entre si. Os do céu intercedem pelos demais; os da terra honram aos do céu e encomendam a sua intercessão, também oram e oferecem sufrágios pelos defuntos do purgatório, e estes também intercedem a nosso favor.





O que é a comunhão dos santos?





A comunhão dos santos é a união comum que há entre Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, e seus membros, e destes entre si.





Quem são os membros da Igreja?





Os membros da Igreja são os santos do céu, as almas do purgatório e os fiéis da terra.




Os que não estão em graça de Deus participam da Comunhão dos santos somente enquanto podem alcançar alguns benefícios do Senhor e principalmente a graça da conversão.





Fonte: ACI

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Os Católicos Adoram Santos?



OS CATÓLICOS ADORAM OS SANTOS?
Por Alessandro Lima





"Pela tarde chegaram os dois anjos a Sodoma. Lot, que estava assentado à porta da cidade, ao vê-los, levantou-se e foi-lhes ao encontro e prostrou-se com o rosto por terra" (Gn 19,1).





Todo católico já deve ter sido interpelado por um protestante a respeito do uso das imagens na Igreja Católica. Suas perguntas nesta matéria sempre vêm com a acusação de que nós católicos somos idólatras porque fazemos uso das imagens. O mais interessante e também triste é que normalmente essas pessoas se dizem ex-católicas. E não me surpreendo em sempre verificar que foram "católicos" muito mal formados ou totalmente ignorantes da doutrina que dizem ter professado.





Será que esses ex-"católicos" já leram no Catecismo da Igreja Católica o ensino da Igreja sobre o uso das imagens? Lá encontramos:





2131. Com base no mistério do Verbo encarnado, o sétimo Concílio ecuménico, de Niceia (ano de 787) justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: dos de Cristo, e também dos da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Encarnando, o Filho de Deus inaugurou uma nova «economia» das imagens.





2132. O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, «a honra prestada a uma imagem remonta (63) ao modelo original» e «quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada» (64). A honra prestada às santas imagens é uma «veneração respeitosa», e não uma adoração, que só a Deus se deve:





«O culto da religião não se dirige às imagens em si mesmas como realidades, mas olha-as sob o seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não se detém nela, mas orienta-se para a realidade de que ela é imagem» (65)." (Catecismo da Igreja Católica, 2131-2132.)





Será mesmo que católicos conhecedores da doutrina da Igreja tornam-se protestantes? Muito difícil que isso aconteça. A regra deste tipo de conversão se dá com católicos ignorantes e mal-formados.





Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como, por exemplo: Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como: Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc.





Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia? Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens. Quando o objetivo da imagem é representar um ídolo que vai roubar a adoração devida somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção.





Estes são alguns dos exemplos em que Deus mandou fazer imagens para o reto uso religioso:
"Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele." (Ex 25,18-19)





"E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo." (Nm 21,8-9)





"Este [Ezequias] tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã."(2Rs 18,4).





Embora a Bíblia mostre claramente em quais casos a confecção das imagens é permitida, os "leitores da bíblia" proíbem o uso das imagens em qualquer caso, desta forma extrapolando indevidamente o mandamento de Deus.






Ajoelhar-se e prostar-se é sempre adoração ou idolatria?



Dizem ainda que nós católicos somos idólatras porque nos ajoelhamos diante das imagens dos santos e lhe fazemos pedidos. Esta acusação demonstra uma tremenda ignorância por parte dos protestantes entre o culto de adoração (latria) e o culto de veneração (dulia). A própria Escritura que eles dizem conhecer e seguir dá testemunho da distinção entre as duas coisas.





Ajoelhar-se também é um sinal de reverência e veneração. Os súbitos devem prestar veneração pelos Reis, ou por uma autoridade suprema. O filho pelos pais, os alunos pelos professores e os discípulos pelo mestre. Tudo isso está em conformidade com a ordem estabelecida por Deus. Vejamos alguns exemplos na Sagrada Escritura:





"Pela terceira vez, mandou o rei [Ocozias da Samaria] um chefe com os seus cinqüenta homens, o qual, chegando aonde estava Elias, pôs-se de joelhos e suplicou-lhe, dizendo: Peço-te, ó homem de Deus, que a minha vida tenha algum valor aos teus olhos e a destes cinqüenta homens teus servos " (2Rs 1,13).





Na passagem acima um mensageiro do Rei Ocozias da Samaria põe-se de joelhos diante do Profeta Elias. Por que faz isso? Para suplicar-lhe que permita viver com seus cinqüenta companheiros de viagem, pois antes Elias mandou vir fogo do céu sobre duas equipes anteriores. O ato de súplica não é um ato de adoração, mas de humildade, de rebaixamento, onde se reconhece no outro sua superioridade ou seu poder de atender-lhe um pedido.





Nós católicos quando nos ajoelhamos diante das imagens dos santos e lhe fazemos pedidos, não estamos adorando ídolos, mas dirigindo nossa súplica aos nossos irmãos na fé que representados por suas imagens já se encontram na presença de Deus. O ajoelhar-se do católico aí é um ato de súplica e não de adoração.




Com efeito, ensina o Catecismo da Igreja Católica





956. A intercessão do santos. Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio" (Lumen Gentium 49)





Será que os ex-"católicos" alguma vez leram este parágrafo do Catecismo? Sinceramente, eu duvido... Vejamos outro interessante testemunho da Escritura Sagrada:





"Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra" (Gn 18,2).





O texto sagrado testemunha que Abraão prostra-se ao ver os três anjos do Senhor. Devemos acusar o Patriarca de idolatria? Obviamente que Abraão não estava adorando os anjos, pois se fosse este o caso eles o teriam repreendido, como fez o anjo que revelava o apocalipse a S. João (cf. Ap 22,8-9). Entretanto, Abraão estava prestando-lhes culto de reverência, reconhecendo a condição superior dos anjos de Deus.





Alguém poderia objetar dizendo: "mas, os santos não são anjos são homens como nós". Com efeito, são humanos como nós, mas além de estarem no céu podendo levar nossos pedidos a Deus, eles estão em condição superior à nossa, pois já gozam da Glória de Deus, já venceram as batalhas que ainda teremos que vencer. Nesta matéria lembremos de um importante ensinamento de Cristo:





"Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus" (Mt 5,19).





Ora, por acaso não são os santos exatamente aquelas pessoas que venceram na fé e que agora podem ser consideradas grandes no Reino dos Céus como ensinou Nosso Senhor? Cabe ainda lembrar que para o Senhor o menor no Reino do Céu é maior do que qualquer um que esteja vivendo na terra (cf. Mt 11,11).





Embora os atos de veneração e súplica sejam externamente iguais à reverência que se deve somente a Deus, internamente são coisas bem distintas e a própria Escritura Sagrada distingue bem as duas coisas. Mais alguns exemplos interessantes:





"Moisés saiu ao encontro de seu sogro, prostrou-se e beijou-o. Informaram-se mutuamente sobre a sua saúde e entraram na tenda" (Ex 18,7).





"Quando Abigail avistou Davi, desceu prontamente do jumento e prostrou-se com o rosto por terra diante dele" (1Sm 25,23).





Porém, alguém poderia levantar a seguinte objeção: "mas, os exemplos dados são de pessoas vivas venerando pessoas vivas e não mortas". Primeiramente, isso não é totalmente verdade já que os anjos do Senhor não podem ser considerados "pessoas vivas", mas seres espirituais. Em segundo lugar, os santos que estão no céu também são seres espirituais. Em terceiro, a Escritura dá testemunho da veneração do rei Saul ao profeta Samuel já falecido:





"Qual é o seu aspecto? É um ancião, envolto num manto. Saul compreendeu que era Samuel, e prostrou-se com o rosto por terra" (1Sm 28,14).





Mais sobre atos de veneração podem ser encontrados em Gn 23,12; Gn 33,3; Ex 18,7; 1Sm 25,41; 2Sm 9,6; 14,4.






Adorar é reconhecer a divindade e oferecer sacrifício





Deus condena a confecção de ídolos, pois o ídolo leva as pessoas a prestarem a ele o culto que só se deve a Deus: o culto de adoração. Adorar um ato de reconhecimento da divindade e oferecimento de sacrifício.





Os pagãos realmente adoravam seus ídolos, pois lhes reconheciam a divindade e lhes ofereciam sacrifício:





"Habitando os israelitas em Setim, entregaram-se à libertinagem com as filhas de Moab. Estas convidaram o povo aos sacrifícios de seus deuses, e o povo comeu e prostrou-se diante dos seus deuses" (Nm 25,1-2).



"Em vão Acaz tinha despojado o templo do Senhor, o palácio real e os príncipes para fazer presentes ao rei da Assíria. Tudo isso de nada lhe valeu. Embora estivesse angustiado, o rei Acaz continuou seus crimes contra o Senhor. Oferecia sacrifícios aos deuses de Damasco, que o tinham derrotado: São, dizia ele, os deuses dos reis da Síria que lhes vêm em auxílio; oferecer-lhes-ei, portanto, sacrifícios para que me ajudem igualmente. Mas foram a causa de sua queda e de todo o Israel" (2Cr 28,21-23).





No segundo livro dos Reis encontramos o conceito completo de idolatria por meio de sua condenação:





"O Senhor tinha feito com eles uma aliança e lhes tinha dado a seguinte ordem: Não adorareis outros deuses, nem vos prostrareis diante deles; não lhes prestareis culto, e não lhes oferecereis sacrifícios" (2Rs 17,35).





Os pagãos prostravam-se diante de seus ídolos não para reconhecerem neles instrumentos e servos de Deus de condição superior a nossa e que são capazes de interceder por nós junto a Deus, mas crendo que eram deuses verdadeiros e portanto capazes de eles mesmos realizarem milagres.





Em 2Rs 17,35 Deus apresenta a doutrina em sentido negativo. No versículo seguinte encontramos o conceito da verdadeira adoração:





"Mas temei ao Senhor que vos tirou do Egito com o poder de seu braço. A ele temereis, diante dele vos prostrareis e a ele oferecereis os vossos sacrifícios" (2Rs 17,36).





Somente a Deus devemos nos prostrar reconhecendo-lhe a divindade e oferecendo-lhe o sacrifício devido.





Os verdadeiros idólatras de nosso tempo são aqueles que oferecem sacrifício de animais (geralmente galinhas e carneiros) aos seus falsos deuses. Os protestantes não adoram a Deus, apenas o louvam. Seu culto é apenas um culto de louvor e não de adoração. Só no catolicismo se adora a Deus, pois na Santa Missa é oferecido a Deus o cordeiro imaculado que é Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme sua própria prescrição (cf. Mt 14,22-25; Lc 22,17-20; 1Cor 11,23-29).


Para citar este artigo:
LIMA, Alessandro. Apostolado Veritatis Splendor: OS CATÓLICOS ADORAM OS SANTOS?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5474. Desde 8/25/2008.




segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Nasce a Igreja

Comecemos a semana com catequeses.

Abraços e que Nossa Senhora abençoe a todos que por aqui passarem.

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NASCE A IGREJA



Os Evangelhos mostram a Igreja como um barco, no qual Jesus está presente, embora em alguns momentos pareça estar dormindo (Mt 8,23-27). O mar que este barco atravessa é a História, às vezes calmo, outras vezes turbulento e ameaçador. Há quase dois mil anos o barco saiu de seu porto. Não sabemos quando chegará ao seu destino, mas temos certeza de que Jesus nunca o abandonará.



A Igreja é um projeto que nasceu do coração do Pai, prefigurada desde o início dos tempos, preparada na Antiga Aliança com Israel, instituída por Cristo Jesus. A Igreja é o Reino de Deus misteriosamente presente no mundo. Ela se inicia já com a pregação de Jesus. Foi dotada pelo Senhor de uma estrutura que permanecerá até o fim dos tempos. Edificada sobre Pedro e os demais apóstolos, é dirigida por seus legítimos sucessores.



A Igreja começa e cresce do sangue e da água que saíram do lado aberto do crucificado. Nela se conserva a comunhão eucarística, o dom da salvação oferecido por Jesus em nosso favor.



A Igreja é indefectivelmente santa, sem mancha e sem ruga, porque o próprio Deus nela habita, santificando-a por sua presença. O pecado dos fiéis não lhe pertence. Só em sentido derivado e indireto se pode falar de "Igreja pecadora".



Em Pentecostes, "a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a pregação" (Ad Gentes, n. 4).


Pentecostes do ano 30. Todos reunidos: os apóstolos, Maria, parentes de Jesus, algumas mulheres. Um ruído de ventania desce do céu. Línguas como de fogo surgiram e se dividiram entre os presentes. Todos ficaram repletos do Espírito de Deus e começaram a falar em outras línguas.


Esta assembléia inicial, esta kahal, ekklesia, igreja, é o princípio. Depois do prodígio das línguas, Pedro dirigiu-se à multidão reunida na praça e fez uma memorável pregação. Muitos se converteram, especialmente judeus vindos da Diáspora. Estes levaram a Boa-Nova aos seus locais de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de comunidades cristãs em Damasco, Antioquia, Alexandria e mesmo em Roma. Alguns helenistas, no entanto, permaneceram em Jerusalém. Para cuidar de suas necessidades materiais, os apóstolos escolheram sete diáconos.



Filipe, um dos sete, evangelizou em Samaria (foi lá que Simão, o Mago, ofereceu dinheiro aos apóstolos Pedro e João em troca do Espírito Santo, donde o termo simonia - tráfico de coisas sagradas e de bens espirituais) e anunciou à Boa Nova a um etíope, funcionário da casa real de Candace.



Estevão era o diácono que mais se destacava. Por sua pregação incisiva, é detido pelas autoridades judaicas, julgado e apedrejado como blasfemador. Torna-se o primeiro mártir da História da Igreja. Enquanto é assassinado, perdoa os seus perseguidores e entrega, confiante, a sua vida nas mãos de Jesus.



O manto de Estevão foi deixado aos pés de um jovem admirador do ideal farisaico chamado Saulo.


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Para citar este artigo:
--, . Apostolado Veritatis Splendor: NASCE A IGREJA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/635. Desde 6/20/2001.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

PAULO APÓSTOLO: POR QUE NÃO FUNDASTES UMA IGREJA DIFERENTE DA DE PEDRO?

Aos poucos vamos voltando ao normal. As férias estão quase acabando, mas já estou em casa, e o problema do computador está aparentemente resolvido.

Voltemos às catequeses sobre nossa Igreja, e nossa fé.
Desejo a todos uma excelente semana, na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Como ontem celebramos a Conversão de São Paulo e seu encontro com Jesus, segue um texto interessante que fala sobre ele.

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PAULO APÓSTOLO: POR QUE NÃO FUNDASTES UMA IGREJA DIFERENTE DA DE PEDRO?

Por Padre Alir
Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao


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Pedro era um simples pescador. Tu eras um intelectual.
Pedro quase nem sabia ler e escrever. Tu eras formado e educado aos pés de Gamaliel (At 22,3) e conhecedor até de línguas que Pedro não conhecia.
Tu escrevias coisas difíceis a Pedro de entender (2Pd 3,16).
Tu tinhas dons tão extraordinários do Espírito Santo.
Tu tivestes até que corrigir Pedro, por causa de seu duplo procedimento (Gl 2, 11.14).
Tu evangelizastes mais que os doze apóstolos juntos. Formastes muito mais colaboradores do que Pedro.
Em tudo, parecias muito mais sábio, dinâmico e eficaz do que Pedro.
Então, Paulo, por que não formastes tua própria Igreja, já que Jesus Cristo te iluminou e pessoalmente te revelou seu Evangelho?
Tu fostes arrebatado até o terceiro céu (2Cor 2, 12). O que te faltava? Por que caminhar a passos tão lentos?
Por que não fundastes a tua Igreja?
Poderias ter escolhido um nome assim: "Igreja de Jesus Cristo Glorioso", ou "Igreja Paulina por ordem de Jesus Crucificado". O nome poderia variar.

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Porém, o que desejo saber é por que não fundastes uma nova igreja? Por que não fundastes a tua igreja? Que tens a dizer?

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"Catorze anos mais tarde, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também Tito comigo. E subi em conseqüência de uma revelação. Expus-lhes o Evangelho que prego entre os pagãos e isso particularmente aos que eram de maior consideração, a fim de não correr ou de não ter corrido em vão". (Gl 2, 1-2)

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Então, quer dizer que fostes submeter teu evangelho a Pedro e aos demais apóstolos "de maior consideração" para te certificares de não ter corrido e ou continuar correr em vão? Então, quer dizer que alguém pode pregar o evangelho com tanto empenho e estar correndo em vão?
E o que tens a dizer para aqueles que pregam um evangelho diferente e fazem o maior esforço para tirar os fiéis da Igreja de Pedro (Igreja Católica)?
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Hoje, há muitos que pregam a desobediência à Igreja que tem Pedro como guia. Estimulam-nos para que abandonem esta Igreja. Que tens a dizer, Paulo?
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"Vocês corriam bem. Quem lhes pôs obstáculos, impedindo-os de obedecer à verdade? Esta sugestão não vem daquele que vos chama. Um pouco de fermento leveda toda a massa. De minha parte, confio no Senhor que vocês não assumirão outra orientação de pensamento. Mas quem lança confusão no meio de vocês, quem quer que seja ele, sofrerá condenação… Que vão castrar-se esses tais que os perturbam" (Gálatas 5, 7-10.12).(Bíblia Ed. Loyola).
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Quer dizer que todo o que der uma orientação contrária ao que ensina a Igreja e o Evangelho de Jesus Cristo sofrerá condenação? Isso é muito sério! Se quem ensina será tratado assim, imaginemos quem segue esses ensinamentos o que poderá sofrer também!
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Obrigado, Paulo, Apóstolo. Por nada você abandonou a Igreja que Jesus havia fundado sobre Pedro e muito menos quis fundar uma outra. Temos, assim, mais uma confirmação de que ela pode ser abalada pelas forças do inferno, porém, jamais será vencida (Mt 16, 18), conforme Jesus, seu fundador afirmou.

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Para citar este artigo:
ALIR, Padre. Apostolado Veritatis Splendor: PAULO APÓSTOLO: POR QUE NÃO FUNDASTES UMA IGREJA DIFERENTE DA DE PEDRO?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5516. Desde 19/12/2008.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Resumo da Vida Católica (6)

CHAMAMENTO À SANTIDADE


"Todos os fiéis, de qualquer estado ou regime de vida, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade". Todos somos chamados à santidade: "Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito"[1]. Se queremos corresponder ao chamamento universal à santidade, devemos colocar empenho em ser piedosos, com um plano concreto de orações e devoções que nos levará, sem percebermos, a ter uma vida contemplativa.

"Os leigos, entregues a Cristo e ungidos pelo Espírito Santo, estão maravilhosamente chamados e preparados para produzir sempre os frutos mais abundantes do Espírito. Com efeito, todas as suas obras, orações, tarefas apostólicas, a vida conjugal e familiar, o trabalho diário, o descanso espiritual e corporal, se realizadas no Espírito - inclusive as moléstias da vida, se assumidas com paciência - se convertem em sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo, que são oferecidas com toda piedade a Deus Pai na celebração da Eucaristia, unindo-se à oferenda do Corpo do Senhor". Desta forma, também os leigos dão glória a Deus em todas as partes, por meio de seu bom exemplo, "consagrando o proprio mundo a Deus"[2].

De maneira particular, a participal da missão de santificação dos pais: "impregnando de espírito cristão a vida conjugal e procurando dar educação cristã aos filhos"[3].

Para nos santificar em nossa vida cotidiana, precisamos crescer na vida espiritual, sobretudo através da oração, mortificação e trabalho.


Vida de Oração

Convém orar todo tempo e não desanimar[4]


1. "Se Deus é vida para nós, não devemos estranhar que nossa existência de cristãos seja entretida com a oração. Porém não penseis que a oração é um ato que se cumpre e logo se abandona.


O justo encontra na lei de Javé sua complacência e tende a acomodar-se a essa lei durante o dia e durante a noite. Pela manhã penso em ti; e pela tarde se dirige até ti a minha oração como o incenso. Toda a jornada pode ser tempo de oração: da noite à manhã e da manhã à noite. Mais ainda: como nos recorda a Sagrada Escritura, também o sono deve ser oração.

A vida de oração deve se fundamentar, ademais, em alguns momentos diários, dedicados exclusivamente à relação com Deus; momentos de colóquio sem ruído de palavras, junto ao Sacrário sempre que possível, para agradecer ao Senhor essa espera - e tão somente - de 21 séculos. Oração mental é esse diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém toda a alma: a inteligência e a imaginação, a memória e a vontade. Uma meditação que contribui para dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, nossa vida diária corrente"[5]

2. "Aprendemos a orar em certos momentos escutando a Palavra do Senhor e participando de seu Mistério Pascal; porém, a todo momento, nos acontecimentos de cada dia, seu Espírito nos oferece para que faça brotar a oração.


O ensinamento de Jesus sobre a oração dirigida ao nosso Pai está na mesma linha que a da Providência: o tempo está nas mãos do Pai; o encontramos no presente; nem ontem nem amanhã, mas apenas hoje: Oxalá ouvireis hoje a sua voz: 'não endureçais vosso coração'"[6].


Vida de Sacrifício


"Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e me siga"[7].

1. "O caminho da perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso espiritual implica luta e mortificação, que conduzem gradualmente a viver em paz e no gozo das bem-aventuranças: 'Aquele que sobe não cessa nunca de ir de começo em começo, mediante começos que não têm fim. Jamais o que sobe deixa de desejar o que já conhece'"[8].

2. "Ouçamos o Senhor que nos diz: quem é fiel no pouco, também o é no muito; e quem é injusto no pouco, também o é no muito. É como se Deus nos recordasse: luta a todo instante nesses detalhes, pequenos em aparência, mas grandes perante os meus olhos; vive com pontualidade o cumprimento do dever; agrade a quem precisa, mesmo que tenhas a alma dolorida; dedica, sem desvios, o tempo necessário para a oração; socorre quem te procura; pratica a justiça, ampliando-a com a graça da caridade"[9].


Vida de Trabalho



O homem foi criado para trabalhar:


1. "O trabalho humano procede diretamente de pessoas criadas à imagem de Deus e chamadas a prolongar, unidas e para mútuo benefício, a obra da criação, dominando a terra. O trabalho é, portanto, um dever: 'Se alguém não quer trabalhar, que também não coma'. O trabalho honra os dons do Criador e os talentos recebidos. Pode ser também redentor. Suportando o peso do trabalho, em união com Jesus, o carpinteiro de Nazaré e o crucificado do Calvário, o homem colabora de certa maneira com o Filho de Deus em sua obra redentora. Mostra-se como discípulo de Cristo carregando a cruz de cada dia, na atividade que foi chamado a realizar. O trabalho pode ser um meio de santificação e de animação das realidades terrenas no Espírito de Cristo".


2. "No trabalho, a pessoa exerce e aplica uma parte das capacidades inscritas em sua natureza. O valor primordial do trabalho pertence ao próprio homem, que é seu autor e destinatário. O trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho"[10].

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Notas:
[1] Cf. Catec. Igr. Cat. § 2013.
[2] Cf. Catec. Igr. Cat. § 901.
[3] Cf. Catec. Igr. Cat. § 902.
[4] Lucas 18,1.
[5] Josemaría Escrivá de Balaguer, "É Cristo que Passa" 119, Editoriall Rialp, Madrid.
[6] Cf. Catec. Igr. Cat. § 2659.
[7] Mateus 16,24.
[8] Catec. Igr. Cat. § 2015.
[9] Cf. Josemaría Escrivá, obra citada, 77.
[10] Catec. Igr. Cat. §§ 2427-2428.

Fonte: http://www.veritatis.com.br/article/5155

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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Paulo de Tarso

Como estamos em Ano Paulino, um leitor nos sugeriu a publicação sobre obras de São Paulo. Achei muito interessane a sugestão e procurei por diversos autores que nos mostrassem um pouco sobre esse que foi essencial para que a mensagem de Cristo chegasse até nós hoje. E escolhi um texto, que apesar de ser um pouco longo, vale a pena ser lido, pois seu autor sabe melhor do que ninguém falar sobre esse grande homem de Deus!
Desejo a você uma ótima leitura!!
João Batista
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PAULO DE TARSO

Por Papa Bento XVI

Paulo, perfil do homem e do apóstolo

Queridos irmãos e irmãs!

Concluímos as nossas reflexões sobre os doze Apóstolos chamados directamente por Jesus durante a sua vida terrena. Iniciamos hoje a aproximar as figuras de outras personagens importantes da Igreja primitiva. Também elas dedicaram a sua vida ao Senhor, ao Evangelho e à Igreja. Trata-se de homens, e também de mulheres que, como escreve Lucas no Livro dos Actos, "expuseram as suas vidas pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo" (15, 26).

O primeiro deles, chamado pelo próprio Senhor, pelo Ressuscitado, para ser também ele um verdadeiro Apóstolo, é sem dúvida Paulo de Tarso. Ele brilha como estrela de primeira grandeza na história da Igreja, e não só da primitiva. São João Crisóstomo exalta-o como personagem superior até a muitos anjos e arcanjos (cf. Panegirico, 7, 3).
Dante Alighieri na Divina Comédia, inspirando-se na narração de Lucas feita nos Actos (cf. 9, 15), define-o simplesmente "vaso de eleição" (Inf. 2, 28), que significa: instrumento pré-escolhido por Deus. Outros chamaram-no o "décimo terceiro Apóstolo" e realmente ele insiste muito para ser um verdadeiro Apóstolo, tendo sido chamado pelo Ressuscitado ou até "o primeiro depois do Único".
Sem dúvida, depois de Jesus, ele é o personagem das origens sobre a qual estamos mais informados. De facto, possuímos não só a narração que dele faz Lucas nos Atos dos Apóstolos, mas também um grupo de Cartas que provêm directamente da sua mão e sem intermediários nos revelam a sua personalidade e o seu pensamento.
Lucas informa-nos que o seu nome originário era Saulo (cf. Act 7, 58; 8, 1, etc.), aliás em hebraico Saul (cf. Act 9, 14.17; 22, 7.13; 26, 14), como o rei Saul (cf. Act 13, 21), e era um judeu da diáspora, estando a cidade de Tarso situada entre a Anatólia e a Síria. Tinha ido muito cedo a Jerusalém para estudar profundamente a Lei moisaica aos pés do grande Rabi Gamaliel (cf. Act 22, 3). Tinha aprendido também uma profissão manual e áspera, era fabricante de tendas (cf. Act 18, 3), que sucessivamente lhe permitiu sustentar-se pessoalmente sem pesar sobre as Igrejas (cf. Act 20, 34; 1 Cor 4, 12; 2 Cor 12, 13-14).

Para ele foi decisivo conhecer a comunidade dos que se professavam discípulos de Jesus. Por eles tinha sabido a notícia de uma nova fé um novo "caminho", como se dizia que colocava no seu centro não tanto a Lei de Deus, quanto a pessoa de Jesus, crucificado e ressuscitado, com o qual estava relacionada a remissão dos pecados. Como judeu zeloso, ele considerava esta mensagem inaceitável, aliás escandalosa, e por isso sentiu o dever de perseguir os seguidores de Cristo também fora de Jerusalém.
Foi precisamente no caminho para Damasco, no início dos anos 30, que Saulo, segundo as suas palavras, foi "alcançado por Cristo" (Fl 3, 12). Enquanto Lucas narra os fatos com riqueza de pormenores de como a luz do Ressuscitado o alcançou e mudou fundamentalmente toda a sua vida, ele nas suas Cartas vai diretamente ao essencial e fala não só da visão (cf. 1 Cor 9, 1), mas de iluminação (cf. 2 Cor 4, 6) e sobretudo de revelação e de vocação no encontro com o Ressuscitado (cf. Gl 1, 15-16).
De fato, definir-se-á explicitamente "apóstolo por vocação" (cf. Rm 1, 1; 1 Cor 1, 1) ou "apóstolo por vontade de Deus" (2 Cor 1, 1; Ef 1, 1; Col 1, 1), para realçar que a sua conversão não era o resultado de um desenvolvimento de pensamentos, de reflexões, mas o fruto de uma intervenção divina, de uma imprevisível graça divina. A partir daquele momento, tudo o que antes constituía para ele um valor tornou-se paradoxalmente, segundo as suas palavras, perda e lixo (cf. Fl 3, 7-10). A partir daquele momento todas as suas energias foram postas ao serviço exclusivo de Jesus Cristo e do seu Evangelho.

Agora a sua existência será a de um Apóstolo desejoso de "se fazer tudo em todos" (1 Cor 9, 22) sem reservas.

Isto constitui para nós uma lição muito importante: o mais importante é colocar no centro da própria vida Jesus Cristo, de modo que a nossa identidade se distinga essencialmente pelo encontro, pela comunhão com Cristo e com a sua Palavra. À sua luz todos os outros valores são recuperados e ao mesmo tempo purificados de eventuais impurezas.
Outra lição fundamental oferecida por Paulo é o alcance universal que caracteriza o seu apostolado. Vendo a agudeza do problema do acesso dos Gentios, isto é dos pagãos, a Deus, que em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado oferece a salvação a todos os homens sem excepções, dedicou-se totalmente a dar a conhecer este Evangelho, literalmente "boa notícia", isto é, anúncio de graça destinado a reconciliar o homem com Deus, consigo mesmo e com os outros. Desde o primeiro momento ele tinha compreendido que esta era uma realidade que não dizia respeito só aos judeus ou a um certo grupo de homens, mas que tinha um valor universal e se referia a todos, porque Deus é o Deus de todos.

O ponto de partida para as suas viagens foi a Igreja de Antioquia da Síria, onde pela primeira vez o Evangelho foi anunciado aos Gregos e onde também foi cunhado o nome de "cristãos" (cf. Act 11, 20.26), isto é, de crentes em Cristo. Dali ele dirigiu-se primeiro para Chipre e depois várias vezes para as regiões da Ásia Menor (Pisídia, Licaónia, Galácia), depois para as da Europa (Macedónia, Grécia). Mais relevantes foram as cidades de Éfeso, Filipos, Tessalônica, Corinto, sem contudo esquecer Beréia, Atenas e Mileto.

No apostolado de Paulo não faltaram dificuldades, que ele enfrentou com coragem por amor de Cristo. Ele mesmo recorda ter agido "pelos trabalhos... pelas prisões... pelos açoites, pelos frequentes perigos de morte... três vezes fui açoitado com varas, uma vez apedrejado; três vezes naufraguei... viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte dos meus concidadãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre os falsos irmãos; trabalhos e fadigas, repetidas vigílias com fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez! E além de tudo isto, a minha obsessão de cada dia: cuidado de todas as Igrejas" (2 Cor 11, 23-28).
De um trecho da Carta aos Romanos (cf. 15, 24.28) transparece o seu propósito de chegar até à Espanha, às extremidades do Ocidente, para anunciar o Evangelho em toda a parte, até aos confins da terra então conhecida. Como não admirar um homem como este? Como não agradecer ao Senhor por nos ter dado um Apóstolo desta estatura?
É claro que não lhe teria sido possível enfrentar situações tão difíceis e por vezes desesperadas, se não tivesse havido uma razão de valor absoluto, perante a qual nenhum limite se podia considerar insuperável. Para Paulo, esta razão, sabemo-lo, é Jesus Cristo, do qual ele escreve: "O amor de Cristo nos impulsiona... para que, os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Cor 5, 14-15), por nós, por todos.

De facto, o Apóstolo dará o testemunho supremo do sangue sob o imperador Nero aqui em Roma, onde conservamos e veneramos os seus despojos mortais. Assim escreveu acerca dele Clemente Romano, meu predecessor nesta Sede Apostólica nos últimos anos do século I: "Por causa dos ciúmes e da discórdia Paulo foi obrigado a mostrar-nos como se obtém o prémio da paciência... Depois de ter pregado a justiça a todo o mundo, e depois de ter chegado até aos extremos confins do Ocidente, sofreu o martírio diante dos governantes; assim partiu deste mundo e chegou ao lugar sagrado, que com isso se tornou o maior modelo de perseverança" (Aos Coríntios, 5).
O Senhor nos ajude a pôr em prática a exortação que nos foi deixada pelo Apóstolo nas suas Cartas: "Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo" (1 Cor 11, 1).

CRISTOCENTRISMO

Na catequese precedente, há quinze dias, procurei traçar os aspectos essenciais da biografia do apóstolo Paulo. Vimos como o encontro com Cristo pelo caminho de Damasco revolucionou literalmente a sua vida.
Cristo tornou-se a sua razão de ser e o motivo profundo de todo o seu trabalho apostólico. Nas suas cartas, depois do nome de Deus, que aparece mais de 500 vezes, o nome que é mencionado com mais frequência é o de Cristo (380 vezes). Por conseguinte, é importante que nos apercebamos de quanto Jesus Cristo possa incidir na vida de um homem e portanto também na nossa própria vida. Na realidade, Jesus Cristo é o ápice da história salvífica e, desta forma, o verdadeiro ponto discriminante também no diálogo com as outras religiões.

Olhando para Paulo, poderíamos formular assim a pergunta fundamental: como acontece o encontro de um ser humano com Cristo? E em que consiste a relação que dele deriva? A resposta de Paulo pode ser compreendida em dois momentos.
Em primeiro lugar, Paulo ajuda-nos a compreender o valor absolutamente fundante e insubstituível da fé. Eis quanto escreve na Carta aos Romanos: "Pois estamos convencidos de que é pela fé que o homem é justificado, independentemente das obras da lei" (3, 28).
E também na Carta aos Gálatas: "O homem não é justificado pelas obras da Lei, mas unicamente pela fé em Jesus Cristo; por isso, também nós acreditámos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da Lei; porque pelas obras da Lei nenhuma criatura será justificada" (2, 16).
"Ser justificados" significa ser tornados justos, isto é, ser acolhidos pela justiça misericordiosa de Deus, e entrar em comunhão com Ele, e por conseguinte poder estabelecer uma relação muito mais autêntica com todos os nossos irmãos: e isto com base num perdão total dos nossos pecados. Pois bem, Paulo diz com muita clareza que esta condição de vida não depende das nossas eventuais boas obras, mas de uma mera graça de Deus: "Sem o merecerem, são justificados pela sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus" (Rm 3, 24).

Com estas palavras São Paulo expressa o conteúdo fundamental da sua conversão, o novo rumo da sua vida que resultou do seu encontro com Cristo ressuscitado. Paulo, antes da conversão, não tinha sido um homem afastado de Deus e da sua Lei. Ao contrário, era um observante, com uma observância fiel até ao fanatismo.
Mas à luz do encontro com Cristo compreendeu que com isso tinha procurado edificar-se a si mesmo, à sua própria justiça, e que com toda essa justiça tinha vivido para si mesmo. Compreendeu que era absolutamente necessária uma nova orientação da sua vida. E encontramos expressa nas suas palavras esta nova orientação: "E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gl 2, 20).

Por conseguinte, Paulo já não vive para si, para a sua própria justiça. Vive de Cristo e com Cristo: entregando-se a si mesmo, não mais procurando e construindo-se a si mesmo. Esta é a nova justiça, a nova orientação que o Senhor nos deu, que a fé nos deu. Diante da cruz de Cristo, expressão extrema da sua autodoação, não há ninguém que possa vangloriar-se a si, à própria justiça feita por si e para si! Noutra carta Paulo, fazendo eco a Jeremias, expressa este pensamento escrevendo: "Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor" (1 Cor 1, 31 = Jr 9, 22s); ou: "Quanto a mim, porém, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo" (Gl 6, 14).

Refletindo sobre o significado de justificação não pelas obras mas pela fé, chegamos ao segundo aspecto que define a identidade cristã descrita por São Paulo na própria vida. Identidade cristã que se compõe precisamente por dois elementos: este não procurar-se por si, mas receber-se de Cristo e doar-se com Cristo, e desta forma participar pessoalmente na vicissitude do próprio Cristo, até se imergir n'Ele e partilhar quer a sua morte quer a sua vida. É quanto escreve Paulo na Carta aos Romanos: "fomos baptizados na sua morte... fomos sepultados com Ele na morte... estamos integrados n'Ele... Assim vós também: considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus" (Rm 6, 3.4.5.11).
Precisamente esta última expressão é sintomática: para Paulo, de facto, não é suficiente dizer que os cristãos são batizados ou crentes; para ele é de igual modo importante dizer que eles são "em Cristo Jesus" (cf. também Rm 8, 1.2.39; 12, 5; 16, 3.7.10; 1 Cor 1, 2.3, etc.). Outras vezes ele inverte as palavras e escreve que "Cristo está em nós/vós" (Rm 8, 10; 2 Cor 13, 5) ou "em mim" (Gl 2, 20).
Esta mútua compenetração entre Cristo e o cristão, característica do ensinamento de Paulo, completa o seu discurso sobre a fé. A fé, de fato, mesmo unindo-nos intimamente a Cristo, realça a distinção entre nós e Ele. Mas, segundo Paulo, a vida do cristão tem também um componente que poderíamos dizer "místico", porque obriga a uma nossa identificação com Cristo e de Cristo connosco. Neste sentido, o Apóstolo chega até a qualificar os nossos sofrimentos como os "sofrimentos de Cristo em nós" (2 Cor 1, 5), de modo que "trazemos sempre no nosso corpo a morte de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifesta no nosso corpo" (2 Cor 4, 10).

Devemos inserir tudo isto na nossa vida quotidiana seguindo o exemplo de Paulo que viveu sempre com este grande alcance espiritual. Por um lado, a fé deve manter-nos numa atitude constante de humildade perante Deus, aliás, de adoração e de louvor em relação a ele.
De fato, o que nós somos como cristãos devemo-lo unicamente a Ele e à sua graça. Dado que nada nem ninguém pode ocupar o seu lugar, é preciso portanto que não tributemos a nada nem a ninguém a homenagem que a Ele prestamos.
Ídolo algum deve contaminar o nosso universo espiritual, porque neste caso, em vez de gozar da liberdade adquirida cairíamos de novo numa espécie de escravidão humilhante. Por outro lado, a nossa pertença radical a Cristo e o fato que "existimos n'Ele" deve infundir-nos uma atitude de total confiança e de imensa alegria.
Para concluir, de fato, devemos exclamar com São Paulo:"Se Deus está por nós, quem pode estar contra nós?" (Rm 8, 31). E a resposta é que ninguém "poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso" (Rm 8, 39). Por conseguinte, a nossa vida cristã baseia-se na rocha mais estável e segura que se possa imaginar. E dela tiramos toda a nossa energia, como escreve precisamente o Apóstolo: "De tudo sou capaz naquele que me dá força" (Fl 4, 13).

Enfrentemos portanto a nossa existência, com as suas alegrias e com os seus sofrimentos, amparados por estes grandes sentimentos que Paulo nos oferece. Fazendo deles experiência poderemos compreender como é verdadeiro o que o próprio Apóstolo escreve: "sei em quem acredito e estou persuadido de que Ele tem poder para guardar, até aquele dia, o bem que me foi confiado" (2 Tm 1, 12) do nosso encontro com Cristo Juiz, Salvador do mundo e nosso.

O ESPÍRITO SANTO

Também hoje, como nas duas catequeses precedentes, voltamos a São Paulo e ao seu pensamento. Estamos diante de um gigante não só a nível do apóstolo concreto, mas também da doutrina teológica, extraordinariamente profunda e estimulante. Depois de ter meditado na semana passada sobre o que Paulo escreveu acerca do lugar central que Jesus Cristo ocupa na nossa vida de fé, vemos hoje o que ele diz sobre o Espírito Santo e sobre a sua presença em nós, porque também aqui o Apóstolo tem algo muito importante para nos ensinar.

Conhecemos o que São Lucas nos diz do Espírito Santo nos Actos dos Apóstolos, descrevendo o evento do Pentecostes. O Espírito pentecostal traz consigo um vigoroso estímulo a assumir um compromisso da missão para testemunhar o Evangelho pelos caminhos do mundo. De fato, o Livro dos Atos narra uma série de missões realizadas pelos Apóstolos, primeiro na Samaria, depois ao longo da Palestina, e depois, em direcção à Síria.
São narradas sobretudo as três grandes viagens missionárias realizadas por Paulo, como já recordei num precedente encontro de quarta-feira. Mas São Paulo, nas suas Cartas fala-nos do Espírito também sob outra perspectiva.

Ele não se detém a ilustrar apenas a dimensão dinâmica e operativa da terceira Pessoa da Santíssima Trindade, mas analisa também a presença na vida do cristão, cuja identidade é marcada por ele. Em outras palavras, Paulo reflete sobre o Espírito expondo a sua influência não só no agir do cristão, mas também no seu ser. De fato, ele diz que o Espírito de Deus habita em nós (cf. Rm 8, 9; 1 Cor 3, 16) e que "Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho" (Gl 4, 6).

Portanto, para Paulo o Espírito conota-nos até às nossas profundezas pessoais mais íntimas. Em relação a isto, eis algumas das suas palavras de importante significado: "A lei do Espírito que dá a vida libertou-te, em Cristo Jesus, da lei do pecado e da morte... Vós não recebestes um Espírito que vos escravize e volte a encher-vos de medo; mas recebestes um Espírito que faz de vós filhos adoptivos. É por Ele que clamámos: Abbá, ó Pai!" (Rm 8, 2.15), porque somos filhos, podemos chamar "Pai" a Deus.
Portanto, vemos bem que o cristão, ainda antes de agir, já possui uma interioridade rica e fecunda, que lhe é concedida nos sacramentos do Batismo e da Confirmação, uma interioridade que o estabelece num relacionamento objectivo e original de filiação em relação a Deus.

Eis a nossa grande dignidade: a de não ser apenas imagem, mas filhos de Deus. Trata-se de um convite a viver esta nossa filiação, a estarmos cada vez mais conscientes de que somos filhos adotivos na grande família de Deus. É um convite a transformar este dom objetivo numa realidade subjetiva, determinante para o nosso pensar, para o nosso agir, para o nosso ser. Deus considera-nos seus filhos, tendo-nos elevado a uma tal dignidade, mesmo se não é igual, à do próprio Jesus, o único Filho em sentido pleno. Nele é-nos dada, ou restituída, a condição filial e a liberdade confiante em relação ao Pai.

Assim descobrimos que para o cristão o Espírito já não é apenas o "Espírito de Deus", como se diz normalmente no Antigo Testamento e se continua a repetir na linguagem cristã (cf. Gn 41, 38; Êx 31, 3; 1 Cor 2, 11.12; Fl 3, 3; etc.). E também não é apenas um "Espírito Santo" entendido em sentido genérico, segundo o modo de expressar-se do Antigo Testamento (cf. Is 63,10.11; Sl 51, 13), e do próprio Judaísmo nos seu escritos (Qunram, rabinismo).

De fato, pertence à especificidade da fé cristã a confissão de uma original partilha deste Espírito por parte do Senhor ressuscitado, o qual se tornou Ele mesmo "Espírito que dá vida" (1 Cor 15, 45). Precisamente por isso São Paulo fala diretamente do "Espírito de Cristo" (Rm 8, 9), do "Espírito do Filho" (Gl 4, 6) ou do "Espírito de Jesus Cristo" (Fl 1, 19). É como se quisesse dizer que não só Deus Pai é visível no Filho (cf. Jo 14, 9), mas que também o Espírito de Deus se expressa na vida e nas ações do Senhor crucificado e ressuscitado!

Paulo ensina-nos também outra coisa importante: ele diz que não existe verdadeira oração sem a presença do Espírito em nós. De fato, escreve: "O Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir como é verdade que não sabemos como falar com Deus! ; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que examina os corações conhece as intenções do Espírito, porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos" (Rm 8, 26-27).
É como dizer que o Espírito Santo, isto é, o Espírito do Pai e do Filho, é como a alma da nossa alma, a parte mais secreta do nosso ser, de onde se eleva incessantemente a Deus um dístico de oração, da qual nem sequer podemos esclarecer as palavras.

De fato, o Espírito sempre ativo em nós, supre às nossas carências e oferece ao Pai a nossa adoração, juntamente com as nossas aspirações mais profundas. Naturalmente isto exige um nível de maior comunhão vital com o Espírito. É um convite a ser cada vez mais sensíveis, mais atentos a esta presença do Espírito em nós, a transformá-la em oração, a ouvir esta presença e a aprender assim a rezar, a falar com o Pai como filhos no Espírito Santo.

Há também outro aspecto típico do Espírito que nos foi ensinado por São Paulo: é a sua ligação com o amor. De fato, São Paulo escreve: "A esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5, 5).
Na minha Carta encíclica "Deus caritas est" citei uma frase muito eloquente de Santo Agostinho: "Se vês a caridade, vês a Trindade" (n. 19), e prossegui explicando: "O Espírito é aquela força que harmoniza seus corações [dos crentes] com o coração de Cristo e leva-os a amar os irmãos como Ele os amou" (ibid.). O Espírito insere-nos no próprio ritmo da vida divina, que é vida de amor, fazendo-nos pessoalmente partícipes dos relacionamentos existentes entre o Pai e o Filho. Não é sem significado que Paulo, quando elenca as várias componentes da frutificação do Espírito, coloque em primeiro lugar o amor: "O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, etc." (cf. Gl 5, 22).

E dado que por definição o amor une, isto significa antes de tudo que o Espírito é criador de comunhão no âmbito da comunidade cristã, como dizemos no início da Santa Missa com uma expressão paulina: "... a comunhão do Espírito Santo [ou seja, a que é realizada por ele] esteja com todos vós!" (2 Cor 13, 13).
Mas, por outro lado, é também verdade que o Espírito nos estimula a estabelecer relacionamentos de caridade com todos os homens. Dado que, quando amamos damos espaço ao Espírito, permitimos que se expresse em plenitude. Compreende-se assim por que Paulo coloca na mesma página da Carta aos Romanos as duas exortações: "deixai-vos inflamar pelo Espírito" e "não pagueis a ninguém o mal com o mal" (Rm 12, 11.17).

Por fim, o Espírito segundo São Paulo é um penhor generoso que nos é dado pelo próprio Deus como antecipação e ao mesmo tempo como garantia da nossa herança futura (cf. 2 Cor 1, 22; 5, 5 Ef 1, 13-14). Aprendemos assim de Paulo que a ação do Espírito orienta a nossa vida para os grandes valores do amor, da alegria, da comunhão e da esperança. Compete a nós fazer deles experiência quotidiana acompanhadas pelas sugestões interiores do Espírito, ajudados no discernimento pela orientação iluminadora do Apóstolo.

A VIDA NA IGREJA

Completamos hoje os nossos encontros com o apóstolo Paulo, dedicando-lhe uma última reflexão. De fato, não podemos despedir-nos dele, sem considerar uma das componentes decisivas da sua atividade e um dos temas mais importantes do seu pensamento: a realidade da Igreja.
Devemos antes de tudo constatar que o seu primeiro contato com a pessoa de Jesus se realiza através do testemunho da comunidade cristã de Jerusalém. Foi um contato conturbado. Tendo conhecido o novo grupo de crentes, ele tornou-se imediatamente um seu orgulhoso perseguidor. Ele mesmo o reconhece nas suas três Cartas: "Persegui a Igreja de Deus", escreve (1 Cor 15, 9; Gl 1, 13; Fl 3, 6), quase como a apresentar este seu comportamento como o pior dos crimes.

A história mostra-nos que se alcança normalmente Jesus através da Igreja! Num certo sentido, isto verificou-se, dizíamos, também para Paulo, o qual encontrou a Igreja antes de encontrar Jesus.

Mas este contato, no seu caso, foi contraproducente, não causou a adesão, mas uma violenta repulsa. Para Paulo, a adesão à Igreja foi propiciada por uma intervenção direta de Cristo, o qual, tendo-se-lhe revelado no caminho de Damasco, se identificou com a Igreja e lhe fez compreender que perseguir a Igreja era perseguir o Senhor.
De fato, o Ressuscitado disse a Paulo, o perseguidor da Igreja: "Saulo, Saulo, porque me persegues?" (Act 9, 4). Perseguindo a Igreja, perseguia Cristo. Então Paulo converteu-se, ao mesmo tempo, a Cristo e à Igreja.
Disto compreende-se depois porque a Igreja tenha estado tão presente nos pensamentos, no coração e na atividade de Paulo. Em primeiro lugar, porque ele fundou literalmente muitas Igrejas nas várias cidades onde foi para evangelizar. Quando fala da sua "solicitude por todas as Igrejas" (2 Cor 11, 28), ele pensa nas várias comunidades cristãs suscitadas de cada vez na Galácia, na Iónia, na Macedónia e na Acaia.
Algumas daquelas Igrejas também lhe deram preocupações e desgostos, como aconteceu por exemplo nas Igrejas da Galácia, que ele viu seguir "outro Evangelho" (Gl 1, 6), ao que se opôs com firme determinação. Contudo ele sentia-se ligado às Comunidades por ele fundadas de maneira não fria nem burocrática, mas intensa e apaixonada.
Assim, por exemplo, define os Filipenses "meus caríssimos e saudosos irmãos, minha coroa e alegria" (4, 1). Outras vezes compara as várias Comunidades com uma carta de apresentação única no seu género: "A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens" (2 Cor 3, 2).
Outras vezes ainda mostra em relação a eles um verdadeiro sentimento não só de paternidade mas até de maternidade, como quando se dirige aos seus destinatários interpelando-os como "Meus filhos, por quem sinto outra vez as dores de parto, até que Cristo se forme entre vós!" (Gl 4, 19; cf. também 1 Cor 4, 14-15; 1 Ts 2, 7-8).

Nas suas Cartas Paulo ilustra-nos a sua doutrina sobre a Igreja como tal. Portanto, é muito conhecida a sua original definição da Igreja como "corpo de Cristo", que não encontramos noutros autores cristãos do I século (cf. 1 Cor 12, 27: Ef 4, 12; 5, 30; Cl 1, 24).
A raiz mais profunda desta surpreendente designação da Igreja encontrámo-la no Sacramento do corpo de Cristo. Diz São Paulo: "Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo" (1 Cor 10, 17).
Na mesma Eucaristia Cristo dá-nos o seu Corpo e faz-nos seu Corpo. Neste sentido São Paulo diz aos Gálatas: "todos sois um em Cristo" (Gl 3, 28). Com tudo isto Paulo faz-nos compreender que existe não só uma pertença da Igreja a Cristo, mas também uma certa forma de equiparação e de identificação da Igreja com o próprio Cristo.
Portanto, é daqui que deriva a grandeza e a nobreza da Igreja, ou seja, de todos nós que a ela pertencemos por sermos membros de Cristo, quase uma extensão da sua presença pessoal no mundo. E daqui se origina, naturalmente, o nosso dever de viver realmente em conformidade com Cristo.
Daqui derivam também as exortações de Paulo a propósito dos vários carismas que animam e estruturam a comunidade cristã. Todos eles reconduzem a uma única fonte, que é o Espírito do Pai e do Filho, sabendo bem que na Igreja ninguém está desprovido dele, porque, como escreve o Apóstolo, "a cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum" (1 Cor 12, 7). Mas é importante que todos os carismas cooperem juntos na edificação da comunidade e não se tornem ao contrário motivo de dilaceração.
A este propósito, Paulo pergunta retoricamente: "Estará Cristo dividido?" (1 Cor 1, 13). Ele sabe bem e ensina-nos que é necessário "manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança" (Ef 4, 3-4).

Sem dúvida, realçar a exigência da unidade não significa afirmar que se deva uniformizar ou nivelar a vida eclesial segundo um único modo de agir. Noutro texto Paulo ensina a "não apagar o Espírito" (1 Ts 5, 19), isto é, a dar generosamente espaço ao dinamismo imprevisível das manifestações carismáticas do Espírito, o qual é fonte de energia e de vitalidade sempre nova.
Mas se há um critério do qual Paulo não prescinde é a mútua edificação: "que tudo se faça de modo a edificar" (1 Cor 14, 26). Tudo deve concorrer para construir ordenadamente o tecido eclesial, não só sem estagnação, mas também sem fugas ou excepções.
Depois, há outra Carta paulina que chega a apresentar a Igreja como esposa de Cristo (cf. Ef 5, 21-33). Com isto retoma-se uma antiga metáfora profética, que fazia do povo de Israel a esposa do Deus da aliança (cf. Os 2, 4.21; Is 54, 5-8): com isto pretende-se dizer quanto sejam íntimas as relações entre Cristo e a sua Igreja, quer no sentido de que ela é objeto do amor mais terno da parte do seu Senhor, quer também no sentido de que o amor deve ser recíproco e que, por conseguinte também nós, como membros da Igreja, devemos demonstrar fidelidade apaixonada em relação a Ele.

Definitivamente, está em jogo a relação de comunhão: a vertical entre Jesus Cristo e todos nós, e também a horizontal entre todos os que se distinguem no mundo pelo fato de "invocar o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Cor 1, 2). Esta é a nossa definição: nós pertencemos àqueles que invocam o nome do Senhor Jesus Cristo.
Portanto compreende-se bem quanto seja desejável que se realize o que o próprio Paulo deseja ao escrever aos Coríntios: "Mas se todos começarem a profetizar e entrar ali um descrente qualquer ou simples ouvinte, há-de sentir-se tocado por todos, julgado por todos; os segredos do seu coração serão desvendados e, prostrando-se com o rosto por terra, adorará a Deus, proclamando que Deus está realmente no meio de vós" (1 Cor 24-25). Assim deveriam ser os nossos encontros litúrgicos. Um não cristão que entra numa assembleia nossa, no final deveria poder dizer: "Verdadeiramente Deus está convosco". Peçamos ao Senhor que sejamos assim, em comunhão com Cristo e em comunhão entre nós.
Papa Bento XVI
Santa Sé

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Fonte: Vaticano

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Santidade: uma estreita união com Deus

Santidade: uma estreita união com Deus


A santidade é basicamente a estreita união do homem com Deus; desse contacto resulta a perfeição moral. Deus é santo por natureza; os homens são santos na medida em que se aproximam d’Ele. No céu todos os bem-aventurados estão intimamente unidos ao Senhor pela visão imediata d’Ele. Isso é chamado de “visão beatífica”. Todos os que estão no céu atingiram a santidade perfeita.

Um santo canonizado foi alguém que na terra praticou a bondade heróica em todas as suas ações. Note: “em todas as suas ações”. Um homem ou uma mulher não é canonizado por ter uma só virtude. Não é suficiente que ele não tenha faltas salientes. Mesmo uma pequena fraqueza é uma grande falta num santo. Um santo tem um controle perfeito de todas as virtudes. Ninguém tem de desculpá-lo dizendo que ele é um homem bom de coração, mas um homem difícil de suportar; ou que ele tem um senso inflamado da justiça social, mas não é muito de oração.

O santo não faz da sua vida um espetáculo. Começa pelas virtudes sólidas, comuns da vida cristã, e depois as desenvolve até um grau extraordinário. São Vicente de Paulo costumava dizer que “um cristão não deveria fazer coisas extraordinárias, mas sim fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias”.

Seres humanos chegam a ser santos travando batalha consigo, com a carne e com o demônio. Partem do triste estado da nossa fraqueza comum, porém, antes de morrerem, atingem a santidade pela graça de Deus. E isso é possível a todos os batizados.

Os santos não foram pessoas raras e especiais que viveram numa só terra ou numa só época particular. Pertencem a todas as épocas e a todas as nacionalidades. São Policarpo, natural da Ásia Menor, viveu no século II; já São Pio X foi um italiano e um Papa do século XX. Os quatro homens que são chamados os Padres do Ocidente, isto é, Santo Agostinho, São Jerônimo, Santo Ambrósio e São Gregório Magno, eram respectivamente da África do Norte, da Iugoslávia e da Itália, e viveram entre os séculos quarto e sexto. Santa Francisca Cabrini era uma freira italiana que fundou hospitais em Nova York e em Chicago, nos Estados Unidos.

Houve mártires em Nagassaki, no Japão, e padres na Rússia, que foram declarados santos pela Igreja Católica. O que é talvez mais surpreendente é a enorme variedade de personalidades entre esses santos. Eram reis e rainhas, sapateiros e agricultores, sacerdotes, bispos, freiras, soldados, juristas, professores, donas-de-casa e mulheres profissionais que se elevaram às alturas da santidade. Nenhuma classe tem o monopólio da santidade, embora talvez bispos e religiosos, por força da sua profissão, tenham chegado mais freqüentemente à santidade.

Então, quando a Igreja Católica pronuncia de modo solene que alguém é um santo, não se apóia apenas na prudência humana, mas pela evidência disso na forma de milagres operados por Deus pela intercessão deste [santo]. Esse é o selo da aprovação divina sobre a santidade da pessoa investigada.

Cristo disse à sua Igreja: “Eis que eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos” (Mt 28, 20). E prometeu à Igreja no Cenáculo, na Última Ceia: “Quando vier o Espírito Santo, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16,13).
Essas são promessas especiais de Cristo para auxílio divino para a Instituição criada por Ele. Por causa dessas promessas, ao canonizar um santo, a Igreja Católica é infalível; isto é, não pode cometer erro – não pode ser transviada por inteiro. Jesus disse a Pedro: “Tudo o que ligares na terra será ligado no céu” (Mt 16, 18).

Felipe Aquino
Fonte: Canção Nova

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Proposta de Santidade

Santos da Ação Católica, proposta para hoje


Por Chiara Santomiero

ROMA, quinta-feira, 16 de outubro de 20008 (ZENIT.org)
O que têm em comum Alberto Hurtado, Gianna Beretta Molla e David Rodán Lara, ou seja, um jesuíta chileno, uma médica e mãe de família italiana e um jovem empregado mexicano? E o que une Vicente Vilar David, proprietário de uma companhia de cerâmica na província de Valência, com Antonieta Meo, mais conhecida como Nennolina, uma menina romana de 6 anos?

Todos fazem parte dessa longa lista de homens e mulheres, leigos, religiosos e sacerdotes, que viveram sua formação humana e espiritual na Ação Católica (AC) ou que, como assistentes, alentaram seu caminho e promoveram sua difusão, testemunhando uma plenitude de vida e uma fé em Cristo digna dos santos e levada, em alguns casos, até o martírio.

Ao acolher, em 4 de maio passado, os participantes do encontro nacional desta associação, que celebrava seus 140 anos de história, Bento XVI disse: «Viestes a Roma em companhia espiritual de vossos numerosos santos, beatos, veneráveis e servos de Deus: homens e mulheres, jovens e crianças, educadores e sacerdotes, ricos em virtudes cristãs, amadurecidos nas filas da Ação Católica. Estas testemunhas representam vossa mais autêntica carteira de identidade».

Em resposta às solicitudes dos papas – João Paulo II, na reunião com a associação em Loreto, em 2004, afirmou que «o maior dom que podereis oferecer à Igreja e ao mundo é a santidade» –, nasceu a «Fundação Ação Católica Escola de Santidade - Pio XI», apresentada em 11 de outubro passado em Roma.

O objetivo do novo organismo é «dar a conhecer santos, beatos, veneráveis, testemunhas que motivam a viver hoje uma «AC escola de santidade», sobretudo para os fiéis leigos, mas sem esquecer «que a AC continuou a ser fonte de múltiplas vocações sacerdotais e religiosas».

A fundação, constituída em 2007 com sede na Cidade do Vaticano, foi promovida pelo Fórum Internacional da Ação Católica, pela Ação Católica Italiana e por algumas dioceses e congregações que iniciaram processos de beatificação de membros da Ação Católica. O presidente do conselho diretivo do organismo é o cardeal Salvador De Giorgi.

«A Fundação – explicou o cardeal – está dedicada ao Papa Pio XI, em honra de um Pontífice que foi pastor cuidadoso e atento em tempos difíceis para a AC na Itália (basta pensar na vigorosa intervenção contra o fascismo na encíclica Non abbiamo bisogno, de 1931), e que favoreceu a promoção da associação na Igreja Católica, recordando a identidade religiosa essencial, depois confirmada pelo Concílio Vaticano II e pelo magistério posterior.»

«O conhecimento destes irmãos e irmãs que nos presidiram de maneira exemplar no seguimento de Cristo – acrescentou o purpurado – não só evidencia que a Ação Católica, em todas as partes e sempre, considerou como seu principal objetivo a vocação de todo cristão à santidade, mas também como muitos de seus membros a conseguiram, de fato, em sua vida cotidiana e em sua profissão. Isso supõe um convite para todos, leigos e sacerdotes, a lutar sem dúvida pela santidade.»

Fonte: Zenit

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Santa Terezinha do Menino Jesus






"Não quero ser Santa pela metade, escolho tudo".






Francesinha, que nasceu em Aliçon 1873, e morreu no ano de 1897. Santa Terezinha não só descobriu no coração da Igreja que sua vocação era o amor, mas sabia que o seu coração - e o de todos nós - foi feito para amar.
Terezinha entrou com 15 anos no Mosteiro das Carmelitas, com a autorização do Papa e sua vida passou na humildade, simplicidade e confiança plena em Deus.Todos os gestos e sacrifícios, do menor ao maior, oferecia a Deus, pela salvação das almas, e na intenção da Igreja. Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face esteve como criança para o pai, livre igual a um brinquedo aos cuidados do Menino Jesus, e tomada pelo Espírito de amor, que a ensinou a pequena via da infância espiritual.
O mais profundo desejo do coração de Terezinha era ter sido missionária "desde a criação do mundo, até a consumação dos séculos". Sua vida nos deixou como proposta, selada na autobiografia "História de uma alma", e como intercessora dos missionários sacerdotes e pecadores que não conheciam Jesus, continua ainda hoje, vivendo o Céu, fazendo o bem aos da terra. Proclamada principal padroeira das missões em 1927, padroeira secundária da França em 1944, e Doutora da Igreja, que nos ensina o caminho da santidade pela humildade em 1997, na data do seu centenário. ela mesma testemunha que a primeira palavra que leu sozinha foi: " céus "; agora a última sua entrada nesta morada, pois exclamou : " meu Deus, eu vos amo...eu vos amo ".
ORAÇÃO PARA ALCANÇAR GRAÇAS POR SUA INTERCESSÃO
Santa Teresinha do Menino Jesus,
que na vossa curta existência,
fostes um espelho de angélica pureza,
de amor forte,e de tão generosa entrega nas mãos de Deus,
agora que gozais do prêmio de vossas virtudes,
volvei um olhar de compaixão sobre mim,que plenamente confio em vós.
Fazei vossas as minhas intenções,
dizei por mim uma palavra àquela Virgem Imaculadade
que fostes a florzinha privilegiada,
à Rainha do Céu que vos sorriu na manhã da vida.
Rogai-lhe a Ela que é tão poderosasobre o Coração de Jesus,
que me obtenha a graça por que nesta hora tanto anseio,
e que a acompanhe de uma bênção que me fortifique durante a vida,
me defenda na hora da morte e me leve à eternidade feliz. Amém.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Padre Pio

Hoje é dia de Padre Pio... seguem notícias a respeito de seus estigmas



Revelam detalhes de primeiras investigações em vida dos estigmas do Padre Pio


ROMA, 22 Set. 08 / 10:35 am (ACI).- Em um artigo publicado em L'Osservatore Romano titulado "Uma história por reescrever", Francesco Castelli, perito biógrafo do Santo Padre Pio de Pietrelcina, dá a conhecer detalhes da primeira investigação realizada em 1921 por parte do Santo Ofício, agora Congregação para a Doutrina da Fé, para conhecer melhor a vida do sacerdote e comprovar a autenticidade dos estigmas.


Castelli, quem acaba de publicar em Milão seu livro "O Padre Pio sob interrogatório: A autobiografia secreta", com o prólogo de Vittorio Messori, explica que com a abertura dos arquivos que contêm esta valiosa informação ficam sepultadas algumas teses que afirmavam que este Dicastério não via com bons olhos ao santo capuchino, senão justamente o contrário: era grande o carinho e admiração por este homem de provada santidade.


Em 1921 o Santo Ofício encarregou a Dom Carlo Raffaello Rossi, quem seria logo cardeal, que visite Padre Pio para investigar de sua vida e a origem dos estigmas. Em seu informe, o Prelado escreve do santo: tinha "a testa alta e serena, o olhar vivaz, doce; e a expressão com reflexos de bondade e sinceridade".


A tarefa iniciada em 14 de junho desse ano se prolongou por 8 dias, nos que Dom Rossi observa ao detalhe ao Padre Pio. Escreve a respeito que com seus irmãos era muito gentil; muito amado por seus superiores por ser "grande exemplo e não murmurador"; transcorria de 10 a 12 horas ao dia confessando; e a celebração da Eucaristia a "fazia com extraordinária devoção".


O perito biógrafo precisa logo que a observação não foi suficiente e Dom Rossi decidiu interrogá-lo: foram 142 perguntas que o Padre Pio respondeu sob juramento com a mão sobre os Evangelhos. Com as respostas, explica Castelli, surgiu virtualmente uma autobiografia.


Perguntas como "Quem o tinha estigmatizado? por que razão? Confiou-lhe alguma missão?" foram respondidas serenamente pelo sacerdote desta forma: "Em 20 de setembro de 1918 logo depois da celebração da Missa enquanto estava no devido agradecimento no Coro repentinamente fui presa de um tremor, logo me chegou a calma e vi nosso Senhor na atitude de quem está na cruz, mas não vi se tinha a cruz, lamentando-se da má correspondência dos homens, especialmente dos consagrados a Ele que são seus favoritos. Aqui se manifestava que Ele sofria e desejava associar as almas a sua Paixão. Convidava-me a me compenetrar em suas dores e a meditá-los: e ao mesmo tempo me ocupar da saúde dos irmãos. Em seguida me senti cheio de compaixão pelas dores do Senhor e lhe perguntei o que podia fazer. Ouvi esta voz: 'associo-te a minha Paixão'. E em seguida, desaparecida a visão, tornei em mim, em razão, e vi estes sinais dos que saía sangue. Não os tinha antes".


Dom Rossi, explica Castelli, quis ir mais à frente. Pediu examinar as feridas e o fez. Enquanto olhava cada uma das feridas ia perguntando ao Padre Pio detalhes de cada uma. Pôde apreciar como a chaga de seu flanco, por exemplo, "trocava freqüentemente de aspecto e nesse momento tinha assumido uma forma triangular, nunca observada antes. Sobre as chagas o Padre Pio me dava respostas precisas e detalhadas explicando além que as chagas dos pés e do flanco tinham um aspecto iridescente".


Depois do exame, o Bispo escreveria: "os estigmas em questão não são nem obra do demônio nem um grosso engano, nem uma fraude, nem uma arte maliciosa ou malvada; menos produto da sugestão externa, nem tampouco as considero efeito de sugestão". Em definitiva, acrescentava Dom Rossi, os elementos distintivos "dos verdadeiros estigmas se encontrariam nos do Padre Pio". Outros detalhes como as febres muito altas e o perfume que percebeu ele mesmo, reconfirmavam o fato como certo.


Para Francesco Castelli o primeiro que emerge destas investigações é que o "temido dicastério romano não foi, nestas circunstâncias, um inimigo do Padre Pio senão justamente o contrário! Dom Rossi se revelou como um inquisidor preciso até o desespero mas também um homem amadurecido de autêntico valor, desprovido de durezas injustificadas para quem questionava".
Graças a estas investigações, o ex-santo Ofício possui uma crono-historia do Padre Pio escrita por seu "pai espiritual o sacerdote Benedetto, um documento riquíssimo de informação que até agora tinha sido quase ignorado".


Depois de explicar que depois de 1939 não há uma forma clara de contar o que aconteceu com o sacerdote capuchino que faleceu em 23 de setembro de 1968, Castelli relata a forma em que Dom Rossi lembraria, com suas próprias palavras, ao Santo: "o Padre Pio é um bom religioso, exemplar, exercitado na prática da virtude, dado à piedade e elevado talvez em graus de oração que vão além do externo, resplandecente em particular por uma profunda humildade e uma singular simplicidade que nunca vieram a menos nem sequer nos momentos mais graves, nos que estas virtudes foram postas a prova de maneira grave e perigosa".


Francesco Castelli é professor de História da Igreja Contemporânea no Instituto Superior de Ciências Religiosas Romano Guardini e Diretor do Arquivo Histórico da Diocese de Taranto.

Fonte: ACI Digital