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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Os Vícios e os Pecados

OS VÍCIOS E OS PECADOS



Por Dom Lourenço, OSB.
Tradução: Marcus Pimenta


Os vícios capitais



Logo no início do estudo sobre as virtudes, pode-se ver que podemos adquirir na nossa alma uma força habitual, enraizada e má, chamada vício. Esses vícios empurram a alma a praticar atos contrários às virtudes, ou seja, atos pecaminosos, pelos quais ofendemos gravemente a Deus nosso Senhor.



No estudo de cada virtude em particular ve-se também os vícios contrários às virtudes, ou seja, os pecados que cometemos contrariando as virtudes.


Há, porém, na alma, alguns vícios enraizados não porque cometemos pecados e fomos adquirindo esses vícios, mas que são cicatrizes do pecado original. Vamos explicar um pouco o que isso significa.



Sabemos que o Sacramento do Batismo apaga o pecado original. Isso é uma verdade de Fé, na qual acreditamos com todas as forças da nossa alma. Porém, mesmo tendo sua alma limpa do pecado original, o homem vive nesta vida sempre inclinado para fazer o mal. É necessário sempre lutar contra as tendências más da alma, sua inclinação a faltar à Lei de Deus, a procurar satisfazer suas paixões, seu conforto, a esconder dos outros os atos maus que fazemos, etc.


Essa inclinação má que encontramos dentro de nós explica-se pelo fato de que nossa sensibilidade não aceita mais se submeter à razão; nossa vontade não tem mais forças para impor a verdade e o bem. Com isso, estamos sempre procurando satisfazer a sensibilidade. A vida de virtudes e dos dons do Espírito Santo nos salva desta revolta, pela força que adquirimos na luta contra as paixões desregradas.



Ora, essa inclinação para fazer o mal se realiza na nossa alma através dos chamados vícios capitais. E a luta para vencê-los é feita pela prática das virtudes opostas a esses vícios ou pecados.



Chamam-se capitais porque são como que a cabeça, a fonte de todos os pecados. Dessas inclinações originam-se todos os atos maus que cometemos. Ao estudá-los, aprenderemos a vigiar nossas almas no sentido de fugir desses vícios e assim evitarmos muitos pecados.


Os vícios ou pecados capitais são sete:



Soberba
Avareza
Luxúria
Inveja
Gula
Ira
Preguiça (e tibieza)



A Soberba



A Soberba também é chamada de orgulho e consiste numa estima excessiva de si mesmo.

- não agradece a Deus as qualidades que possui e fica procurando elogios.

- acha que possui qualidades que na verdade não possui.

- procura sempre rebaixar as qualidades dos outros.

A Soberba produz ainda:

ambição - desejos imoderados de possuir bens e glória.

presunção - confiança exagerada em si mesmo.

vã glória - procura de elogios e admiração.

hipocrisia - atos que mascaram a maldade do coração.

obstinação - não aceitar os conselhos e insistir sempre no mal.

desprezo - olhar os outros como inferiores.

A Soberba é um vício que leva a alma a uma cegueira total sobre si mesma e sobre o próximo. A alma soberba não pode amar a Deus e ao próximo na verdadeira Caridade.

Devemos pedir em nossas orações que sejamos sempre humildes, reconhecendo que recebemos de Deus tudo o que possuímos e tudo o que somos. Sigamos o exemplo de Jesus Cristo, manso e humilde de coração.



A Avareza


Se a soberba consiste numa estima excessiva de si mesmo, a Avareza é a estima excessiva das riquezas e dos bens materiais. A alma dá tanta importância ao dinheiro que passa a viver só em torno disso, esquecendo-se de Deus e do próximo. O avaro está tão apegado às coisas que possui que prefere morrer do que perdê-las. Só pensa em comprar, em ter, em mostrar aos outros tudo o que possui.

A avareza produz:

- injustiça para com o próximo: roubos, trapaças etc.

- traição: como Judas, que vendeu Jesus por trinta moedas.

- dureza do coração diante da pobreza: nunca dá esmolas nem quer ajudar os pobre.

- preocupações constantes: medo de perder tudo.

- esquecimento de Deus e da salvação eterna.

Para vencer a avareza devemos considerar que tudo é palha diante da vida da graça, verdadeira riqueza da alma. Contemplemos a simplicidade de coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu amor pela pobreza e pelos mais humildes e toda sua vida voltada para fazer a vontade do Pai.


A Luxúria



Deus ordenou aos homens que se multiplicassem sobre a terra. Para isso, Ele instituiu a família, união de um homem e de uma mulher, que se unirão pelo ato conjugal para terem os filhos que Deus quer que eles tenham. Foi para proteger a instituição familiar que esse ato e tudo o que se relaciona com ele, ficou reservado ao matrimônio.

A luxúria é o vício que leva os homens a realizarem o ato sexual fora do casamento ou contrariando as normas naturais estabelecidas por Deus para ele. Esse vício provoca pecados contra o sexto e o nono mandamentos: atos, pensamentos, desejos, más companhias, filmes, revistas, e o adultério, que é a traição do juramento matrimonial.

A luxúria provoca também:

- cegueira espiritual: a alma fica desnorteada e a vergonha a leva a fugir de Deus.

- precipitação: nervosismo nas coisas do dia a dia, perda da concentração nos estudos.

- inconstância: um dia bem, outro dia má, a alma balança ao sabor das paixões.

- amor próprio: amor desordenado das coisas do corpo.

- imodéstia e despudor: roupas e as atitudes do corpo indecentes e provocadoras.

Para se afastar completamente da luxúria e de todos os pecados que dela nascem, devemos perseverar na oração, receber com freqüência os sacramentos, evitar a ociosidade, praticar a temperança e a castidade, e fugir de todas as ocasiões de pecado: má companhia, diversões mundanas e pecaminosas etc.


A Inveja


A inveja é um vício pelo qual nós olhamos tudo que há de bem no nosso próximo como sendo mau, porque diminui nossa grandeza e nossa glória. Ou seja, não gostamos de ver alguém ser elogiado e nós não, não suportamos que tal pessoa tenha um objeto que nós não temos. No fundo, queremos ser sempre os mais notados e festejados. Vemos assim que a inveja nasce da soberba, que é aquela cegueira sobre nós mesmos. Pela inveja procuramos sempre atrapalhar o outro e nos alegramos quando o vemos atribulado.



Como a inveja nos leva a desprezar o próximo, ela é a origem de muitos pecados graves contra a virtude da Caridade, a qual nos leva a nos alegrar pelo bem que vemos no outro.


A inveja provoca:

- ódio - foi o ódio nascido da inveja que levou Caim a matar Abel

- murmúrio - a alma passa seu tempo a pensar mal dos outros.

- detração - ela já não pensa só contra seu próximo, mas tenta quebrar a reputação do outro.

A inveja se vence pela prática de duas virtudes: a humildade, que combate a origem da inveja que é a soberba; e a caridade fraterna, que combate as conseqüências da inveja.


A Gula



A gula é um apetite desordenado pela comida ou pela bebida. Esta desordem pode existir na alma de cinco modos.

- procurando desordenadamente comidas caras e diferentes (tipo)

- comendo em excesso (quantidade)

- demasiada atenção na preparação (qualidade)

- comendo ou bebendo de modo voraz e sem educação (modo)

- se preocupando demais com a hora da comida (precipitação)

Devemos combater o vício da gula por ser algo de muito animal e baixo. Mesmo que o pecado que ele provoca seja, às vezes, pecado venial. Mas a gula pode nos levar a cometer também pecados mortais, quando comemos ou bebemos a ponto de perder o controle de si, de passar mal, etc.

A gula provoca ainda:

- embriaguez.

- dissipação e dificuldade de se concentrar.

- dificuldade para estudar.

- fuga da vida de oração.

Pela virtude da Temperança procuremos moderar a nossa gula, considerando o quanto são mesquinhos e baixos os bens que ela nos traz.


A Ira



A ira é um estado de descontrole da paixão ou um desejo imoderado de vingança. O descontrole da paixão é a raiva, que chega a modificar nosso semblante; a vingança imoderada consiste em vingar-se quando não nos cabe vingar ou vingar-se de alguém que não nos fez nada que merecesse vingança.

A ira provoca ainda:

- indignação é nossa irritação contra alguém que achamos injustamente que está irritado conosco.

- maus pensamentos e juízos temerários.

- gritos e agitação.

- blasfêmias.

- acusações injustas.

- rixas e brigas.

Lembremos do exemplo de Jesus Cristo, manso e humilde de coração, e peçamos a Ele que faça o nosso coração semelhante ao seu. Diz ainda as Sagradas Escrituras: na vossa paciência, possuireis as vossas almas.



A preguiça e a tibieza



Este vício pode ser considerado de dois modos:

a) em geral: é a inclinação a procurar o repouso e o conforto do corpo: chama-se preguiça

b) em particular: é o tédio pelas coisas espirituais, pela oração e por tudo que nos aproxima de Deus: chama-se tibieza

No Antigo Testamento vemos como o povo hebreu sentiu saudades da escravidão do Egito e reclamou contra Moisés e contra Deus por terem fugido. E isso, apesar de todas as demonstrações de amor que Deus dava constantemente a eles: a travessia do Mar Vermelho, o maná, as perdizes, a água tirada da rocha, as curas milagrosas pela serpente de bronze etc. Esta atitude do povo hebreu mostra bem o que é a tibieza, e como nos prejudicamos quando nos afastamos do caminho da oração e do amor de Deus.


Como a tibieza opõe-se à Caridade, ela provoca um pecado mortal, pelo qual ofendemos a Deus, agimos contra o primeiro mandamento e recusamos os meios que Deus pôs a nosso dispor para alcançarmos a salvação.


A tibieza leva a alma aos seguintes pecados:

- desespero da salvação

- pusilanimidade é a atitude medrosa, fraca, envergonhada, diante das coisas de Deus e da Igreja, tanto no nosso coração quanto nas manifestações exteriores da nossa Fé.

- fraqueza no cumprimento dos Mandamentos.

- rancor e raiva contra os que nos chamam a atenção para que voltemos a rezar.

- ódio das coisas espirituais que impedem a alma de se soltar no pecado.

- atenção voltada para as coisas ilícitas, interesse por elas, desejo de as praticar.

Este vício é dos mais difíceis de se extirpar. O peso da alma é grande e a leva a cometer muitos pecados. É preciso fugir dele com todas as forças, pois cada dia ele cresce e se cria novas raízes na alma. Nunca deixar de rezar um pouco, mesmo que isso custe muito para a alma. Procurar com muita freqüência o confessionário e pedir ao padre ajuda para sair da escuridão. Confiar em Nossa Senhora e pedir a ela que devolva as forças da alma.


Estes são, então, os vícios capitais. Sabendo o que eles representam para a alma, procuraremos trabalhar pela prática das virtudes no sentido de diminuir sua ação. Isto porque deles brotam como de uma fonte muitos pecados.




Resta-nos agora estudar um pouco o que é um pecado e as diversas espécies de pecado.



O pecado



Podemos chamar um ato mau de pecado, ato pecaminoso, ou vício. Na verdade, vício significa um estado, uma inclinação ao mal, uma tendência a agir contra Deus e contra a lei. Já a palavra pecado significa um ato mau, ou seja, algo de concreto, existente de fato, com conseqüências maiores ou menores, de acordo com a gravidade do ato. Por isso podemos dizer que dos vícios (das tendências más) nascem muitos pecados. Uma vez a tendência ao mau presente na nossa alma (vício), se não lutarmos contra ela, agiremos mau neste caso e naquele outro (pecado).


Não é possível existir na nossa alma, ao mesmo tempo, as virtudes e pecados mortais. Um anula o outro. Sabemos que viver na virtude quer dizer possuir no coração a maior de todas as virtudes, que é a Caridade, junto à qual todas as outras virtudes vêm se abrigar. Quando cometemos um pecado mortal, estamos realizando um ato que contraria a Caridade, o amor de Deus. Apagamos do nosso coração esta virtude que nos trazia a presença de Deus tal como Ele existe no Céu. É evidente que, ao perder a Caridade, nenhuma outra virtude permanece na alma, pois sem a Caridade não há virtude alguma.



Assim, com um único ato de pecado, perdemos a Caridade, a Prudência, a Justiça, a Temperança etc. e todas as demais virtudes e dons do Espírito Santo. Que tragédia! Nada subsiste na alma daquela luz de Deus. Nosso batismo é jogado fora e preferimos viver como aqueles que não conhecem a Deus. A comunhão no Corpo e no Sangue de nosso Redentor passa a ser uma mentira e profanação, ou então abandonamos de vez a santa Comunhão. Quanto prejuízo por causa de quê? de alguma coisa muito grande, muito importante? Não! por causa de um prazer passageiro, que logo se transforma em enjôo; por causa de um minuto de fraqueza onde temos a evidência de toda a fraqueza da alma.



Esta é a realidade do pecado mortal. A situação da alma é tão grave (se ela morre com um único pecado mortal ela vai para o inferno) que Deus instituiu o sacramento da Confissão para devolver a alegria e a liberdade aos que se tornaram escravos do pecado. Nunca deixemos de nos confessar com freqüência, para que tenhamos força de resistir às tentações do maligno.




Quando pecamos



Existem dois critérios para saber quando um ato é pecaminoso: a lei da consciência e a lei eterna.

A nossa razão possui, dentro dela mesma, uma série de critérios que nos mostram quando um ato é bom e quando ele é mau. Estes critérios recebem o nome de Lei natural. Todos os homens nascem com a Lei natural no coração. Esta lei natural será embelezada, aprimorada, desenvolvida, pela reta educação, pelo catecismo verdadeiro, pela vida de família que recebemos dos nossos pais e mestres. Com isso, formamos nossa consciência para que ela possa sempre agir segundo a reta razão, segundo a consciência reta. Esta é a lei da consciência que nos leva a reagir prontamente sempre que vemos algo de errado, mesmo se não sabemos muito bem em quê consiste o erro. É essa mesma lei da consciência que nós consultamos quando fazemos nosso exame de consciência, antes da confissão: o que foi que eu fiz de errado, quais são os meus pecados?


Mas essa lei natural, da consciência, não basta como critério do certo e do errado. É preciso que possamos comparar nossa razão e a educação que recebemos com um modelo, e que este modelo nos dê total confiança, que possamos saber com certeza que não pode haver erro.


Mas será que nossos pais, nossos mestres, nossos padres, são tão bons que possamos confiar cegamente neles? É claro que devemos confiar muito neles, mas só Deus pode nos dar uma confiança total.



Por isso, a regra máxima do ato humano é a Lei Eterna, a Lei de Deus, não como ela se encontra na nossa consciência, mas como ela existe no próprio Deus.

A nossa consciência só poderá ser critério de bem e de mal na medida em que ela corresponder à Lei Divina. Se ela contrariar a Lei de Deus, evidentemente nossa consciência estará errada e o ato será mau.

Vemos então que todo pecado é um ato desordenado, ou seja, que contraria uma ordem, uma regra, uma lei. Vemos também como as regras que aprendemos em casa, no catecismo, na escola (na boa escola), não foram inventadas pelos homens só para nos aborrecer: elas vêm de Deus, por isso elas são santas, sagradas e devem ser respeitadas sempre. Quando confiamos em nossos pais, em nossos mestres ou nos padres, é porque sabemos que eles nos ensinam o que vem de Deus, para o nosso bem e para o bem de todos.




Divisões do pecado



Podemos dividir os atos pecaminosos de diversas maneiras:

Espirituais - pecados cometidos interiormente, no pensamento, por um sentimento ou um desejo.

Carnais - pecados cometidos com a participação do corpo, como os que são provocados pela gula ou pela luxúria.

Contra Deus - são os mais graves porque são feitos diretamente contra Deus. (blasfêmia, heresia, etc.)

Contra si mesmo - quando ferimos a regra da consciência certa. Fazemos algo que nós mesmos reprovamos.

Contra o próximo - como vivemos em sociedade, muitas vezes ofendemos ao próximo no nosso relacionamento com as outras pessoas.

por pensamento

por palavras

por atos


Essas divisões são apenas alguns detalhes de como devemos considerar os pecados, analisando nossos atos e nos arrependendo do que é mau. No fundo, o que conta é que tenhamos uma vontade firme de nunca ofender a Deus, de amá-Lo com tanto fervor que nunca aceitemos a morte da alma, como também não desejamos a morte do corpo. Todos os dias devemos pedir ao nosso bom Anjo da Guarda que nos proteja e nos aconselhe, para que na hora da tentação, daquele combate terrível que se passa no nosso coração, que saibamos reagir e vencer, com Nosso Senhor e sua Mãe Santíssima.



Todos os dias devemos repetir com São Domingos Sávio: Antes a morte que o pecado.


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Todos os artigos disponíveis neste sítio são de livre cópia e difusão deste que sempre sejam citados a fonte e o(s) autor(es).

Para citar este artigo:

LOURENÇO, Dom. Apostolado Veritatis Splendor: OS VÍCIOS E OS PECADOS. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/3140/os-vicios-e-os-pecados

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A vida sexual do casal


A Vida sexual do casal



Uma das causas que dificulta a vida de muitos casais é o seu mau relacionamento sexual. A vida sexual do casal é importante para que marido e mulher se completem e sejam felizes. O despreparo nesse campo leva muitos casais à separação. O que falta na verdade, por parte dos casais, é o conhecimento exato do sentido e do fim da vida sexual. A maioria das pessoas não recebeu educação sexual sadia e, muitas vezes, aprendeu sobre sexo de maneira inadequada: nos filmes, com a prostituta nas revistas pornográficas, com pessoas despreparadas ou, o que é pior, maliciosas…


Não há legítima vida sexual sem a vivência do amor. Assim como você dá uma flor, um presente, um beijo, para manifestar o seu carinho à sua esposa, vocês se doam fisicamente para manifestar um ao outro o seu amor e se multiplicarem. Sem as dimensões unitiva e procriativa o sexo perde o seu sentido. Hoje, mais do que nunca o sexo é vilipendiado, explorado, vendido e corrompido. A mulher se deixa usar e vender como simples mercadoria de consumo e de prazer. Basta olhar para os anúncios comerciais.


Por causa de toda essa destruidora exploração sexual, muitos se casam com o objetivo quase exclusivo de obter sexo “oficializado” e permanente. Grande ilusão que rapidamente se desfaz. A vida sexual do casal, se não for manifestação intensa de todo o seu amor, em pouco tempo poderá ser motivo de desilusão e até de separação do casal. Conheço casais que, com menos de um ano de casados, já estavam desiludidos com a vida sexual.


Para que o casal tenha um saudável ajustamento sexual, é preciso que vença três obstáculos: a ignorância, o medo e o egoísmo.


Antes de tudo, o casal deve se conscientizar de que o sexo é belo e legítimo no casamento, enquanto manifestação do amor conjugal. Não existe nada mais deplorável do que um casal que expõe seu relacionamento sexual aos amigos, como se isso fosse vantagem. O ato conjugal só pertence ao casal e a sua intimidade deve ser inviolável.


O que é válido no ato sexual do casal? Aquilo que é natural. Não é natural o sexo anal; logo não é moral. É legítimo que o marido prepare a mulher com as carícias que ela precisa e que aceita para chegar ao orgasmo com ele. O importante é que o ato sexual seja consumado de maneira natural, normal, com a possibilidade de estar aberto a uma nova vida. O casal não precisa ir para um motel para viver bem a vida sexual; ali é um lugar de pecado (adultério e fornicação) e o casal cristão não pode frequentar esses lugares e fomentar a sua propagação.



São Paulo diz: “O marido cumpra o seu dever para com a sua esposa e ela da mesma forma também a esposa o cumpra para com o marido. A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence a seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor de seu corpo ele pertence à sua esposa. Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração e depois retornai novamente um para o outro, para que não vos tente Satanás por vossa incontinência” (I Cor 7,3-5).



São Paulo deixa claro a legitimidade e a importância da vida sexual no casamento. É interessante notar que ele diz que o corpo do marido pertence à mulher, e vice-versa; ele não diz que o corpo da namorada pertence ao namorado ou da noiva pertence ao noivo.



Quantos jovens, no namoro brincam com o sexo e depois abortam o próprio filho! Quantos maridos se emporcalham com as prostitutas e depois vêm trazer suas doenças venéreas para a esposa! Quantas crianças são abandonadas nos orfanatos pela irresponsabilidade de um ato sexual fora do casamento! Pegue o jornal e verá as conseqüências do sexo fora do casamento. E essa lista poderia ser mais ampliada ainda. Veja a Aids… Não se iluda: fora do plano de Deus, o sexo se torna um vício como outro qualquer, e como todo viciado é insaciável, também o marido viciado em sexo não se satisfará apenas com uma mulher.



Vivendo a vida sexual apenas com sua esposa você nunca terá a consciência pesada por ter prostituído uma mulher, ou gerado uma mãe solteira e um filho que não conhecerá o pai. Com a sua esposa, você nunca contrairá uma terrível sífilis, blenorragia ou cancro, e nem estará correndo o risco de levar um tiro por estar adulterando com a mulher do próximo. Não é à toa que Jesus ensina a cortar o mal pela raiz, isto é, na intenção do olhar “Todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração” (Mt 5, 28).



Se você deseja ser fiel a seu cônjuge, exercite desde já a fidelidade do pensamento e do olhar. O leito do casal é o único lugar em que o sexo é vivido legitimamente. “Vós todos considerai o matrimônio com respeito, e conservai o leito conjugal imaculado, porque Deus julgará os impuros e os adúlteros” (Hb 13,4).



É necessário um verdadeiro aprendizado para o ajustamento sexual do casal. Como em tudo, o sexo na mulher é diferente do sexo no homem, e ambos se completam. Um amigo meu dizia que o homem é como o “fogão a gás”, a qualquer hora se acende rapidamente, enquanto a mulher é como o “fogão à lenha”, gasta mais tempo e paciência para ser aceso. Deus quis assim com a Sua sabedoria e amor. O impulso sexual no homem é vulcânico e estimulado pelo olhar, enquanto que a mulher reage a atos, a palavras gentis e às carícias. As emoções da mulher são menos eruptivas que as do homem, mas, depois de algum tempo, são igualmente intensas e têm a capacidade de “queimar” durante mais tempo e de alcançar o clímax mais devagar, extinguindo-se mais lentamente.



O segredo da harmonia sexual está em o casal atingir o clímax do prazer sexual (orgasmo) juntos. Isso exige de ambos treinamento, autocontrole por parte do marido e uma atitude mental adequada da esposa.



Agora quero falar a você, esposa. A frigidez, na maioria das vezes, é de origem psicológica. Por um processo de reeducação, você pode aprender a vencer suas inibições que, com freqüência, a impedem de alcançar o orgasmo sexual. Você precisa afastar de sua mente qualquer preconceito prejudicial ou que a leva a considerá-lo como algo mau. Por causa da reação negativa da esposa, muitos maridos acabam caindo nos braços de outra mulher. Não destrua o seu casamento por causa do comodismo e má vontade. Nos dias em que você não tem realmente condições para o ato sexual, seja franca e diga a seu marido, mas não se negue a ele constantemente. Saiba conversar com ele francamente sobre esse assunto. Se você sentir que seu relacionamento se torna apenas uma obrigação, sem alegria, procure a orientação de um conselheiro cristão. Deus tem coisas melhores para você.



Agora gostaria de falar um pouco a você, marido. Uma coisa que você precisa exercitar é o autocontrole, no esforço de tornar verdadeiramente profunda e enriquecida a sua relação conjugal. Você pode obter satisfação física de forma bem simples, mas se a sua esposa não experimentar essa satisfação, então o seu casamento não alcançará o ajustamento. As mulheres reagem ao sentimento carinhoso e às palavras gentis. Inicie a preparação do ato conjugal desde o café da manhã, manifestando o seu amor pela sua esposa. Ao chegar do trabalho, não deixe de cumprimentá-la com um beijo carinhoso. O ato conjugal é preparado durante todo o dia. Há maridos que maltratam as esposas durante o dia todo e à noite querem ter um perfeito ato conjugal com ela. É claro que ela vai dizer não.



Lembre-se: o sexo é manifestação do amor. Procure levar sua esposa ao clímax do prazer sexual, em vez de somente satisfazer seus próprios desejos. À medida que você a satisfizer criará nela um maior desejo pelo ato e assim, ao dar amor, você receberá amor de volta. Prepare pacientemente sua esposa para o ato conjugal. Enquanto ela não manifestar que está preparada, não concretize o ato. Depois, não se apresse em se afastar dela. Para ela, faz parte da satisfação a proximidade física com o marido.



O importante é lembrar sempre que o ato conjugal é a celebração do amor. Sem uma vida amorosa, um casal nunca terá harmonia sexual. Na liberdade do amor tudo poderá ser vivido, respeitando-se a natureza, a dignidade do outro e a lei de Deus.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Falhas de sacerdotes não justificam abolição do celibato



Falhas de sacerdotes não justificam abolição do celibato



Reflexão do bispo de San Cristóbal de las Casas
Por Jaime Septién





SAN CRISTÓBAL DE LAS CASAS, quinta-feira, 21 de maio de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- O bispo de San Cristóbal de las Casas, Dom Felipe Arizmendi Esquivel, fez uma defesa frontal do celibato sacerdotal, após os recentes episódios ocorridos na Igreja Católica da América de sacerdotes que não foram fiéis a este compromisso.





Entre estes casos, encontram-se os descobrimentos de novas paternidades do atual presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que fora bispo católico; o caso de um sacerdote acusado de uso de pornografia infantil na arquidiocese de Jalapa (México); e o recente escândalo de um sacerdote muito popular na televisão hispânica dos Estados Unidos – Alberto Cutié – que, após a publicação de algumas fotos comprometedoras, reconhece uma mulher como amante desde muito tempo.





Diante desses casos, escreve Dom Arizmendi Esquivel, “não falta quem insista em que a Igreja Católica deveria revisar sua norma de admitir ao sacerdócio só aqueles que tenham recebido o carisma do celibato e se comprometam a cumpri-lo por toda a vida. Outros afirmam que, enquanto não se faça esta mudança, a Igreja continuará perdendo fiéis”.





“Por outro lado, continuou dizendo o prelado mexicano, é repetitivo escutar que o celibato não combina com as culturas indígenas, pois nestes povos só a um homem casado se reconhece a autoridade e não se costuma confiar a solteiros cargos de responsabilidade social. Por tanto, concluem, se deveria abrir a porta para ordenar presbíteros a indígenas casados, para que se inculturem.”





Em seu documento, o bispo de San Cristóbal de las Casas afirma que, em primeiro lugar, o celibato “não é de acordo com nenhuma cultura, nem judaica, grega ou romana, nem espanhola, francesa, alemã, italiana, mexicana, indígena, mestiça”.





Em segundo lugar, afirma que “é inegável que houve e há muitas falhas e defeitos; mas a imensa maioria vive com alegria e plenitude esta vocação, apesar das limitações”.





“Eu me sinto muito fecundo, muito realizado, graças ao celibato”, confessa o bispo mexicano em seu escrito, publicado pela página eletrônica da Conferência do Episcopado Mexicano; e agrega: “O matrimônio teria me limitado muito em meu serviço à comunidade. O celibato me faz livre para servir onde for preciso, para amar e estar muito perto de quem precisa experimentar o amor de Deus”.





Mais adiante explica: “Ninguém nos obrigou a emitir este compromisso antes da ordenação; nós o assumimos com plena liberdade. Eu decidi livre e conscientemente não me casar, não por egoísmo, não por rejeição à mulher, nem por desconhecer ou desprezar a beleza do sexo e do matrimônio, mas por graça do Espírito Santo, para consagrar todo o meu ser, com todas as suas energias, ao Reino de Deus, em particular aos pobres. Sou feliz sendo celibatário. Peço ao Senhor que nos conserve em fidelidade”.





Depois de recordar que Jesus “decidiu não se casar; sua mãe permaneceu virgem, o apóstolo mais próximo era celibatário e Paulo recomendou este caminho, não como mandato, mas como conselho digno de confiança”, pede que “nos comprometamos a viver celibatários, mantendo-nos fiéis e alegres, com oração, sacrifício e vigilância, pois as tentações se aproximam por todos os lados”.





“Que a comunidade e as famílias nos ajudem a desfrutar desta paternidade espiritual, e que ninguém seja motivo de tropeço. Que os seminaristas conheçam as razões deste estilo de vida e orem para que se lhes conceda este carisma, que os fará pais e irmãos em Cristo, e assim os povos n’Ele terão vida”
, termina dizendo Dom Arizmendi Esquivel.




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Reitero o convite à nossa Campanha:

Reze uma Ave-Maria diária por seu Sacerdote. Creio que muitos desses escândalos não teriam acontecido se esses sacerdotes tivessem sido fortalecidos em suas escolhas por nossas orações. Façamos nossa parte, e levemos essa campanha para nossas comunidade, amigos familiares!
Abraços
João Batista
Ecclesiae Dei Blog


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Fornicação - Pecado contra a Castidade

O que é a fornicação?



Entre os pecados contra a castidade (adultério, pornografia, estupro, masturbação, prática homossexual, etc.) está a fornicação, que é a realização do ato sexual entre um homem e uma mulher que não são casados entre si e nem com outros. É pecado contra o sexto Mandamento da Lei de Deus. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) assim explica:



“A fornicação é a união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos” (CIC § 2353).



Infelizmente, dentro do relativismo religioso e moral que vai penetrando na Igreja, até mesmo na cabeça de alguns sacerdotes, a fornicação entre namorados e noivos vai se tornando corriqueira e muitos a querem justificar e até aprovar. Não é raro ouvir jovens nos dizerem que um padre disse que não é pecado viver o sexo com o (a) namorado (a) se eles se amam.



No entanto, para sermos fiéis a Deus e à Igreja não podemos aceitar essa grave quebra da moral católica. Apresento a seguir algumas passagens bíblicas que mostram como Deus condena a fornicação como pecado grave:


“Guarda-te, meu filho, de toda a fornicação: fora de tua mulher, não te autorizes jamais um comércio criminoso” (Tobias 4,13).


“Envergonhai-vos da fornicação, diante de vosso pai e de vossa mãe; e da mentira, diante do que governa e do poderoso” (Eclesiástico 41,21).


“Mas a respeito dos que creram dentre os gentios, já escrevemos, ordenando que se abstenham do que for sacrificado aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação” (Atos dos Apóstolos 21,25).


“Mas o corpo não é para a fornicação, e sim para o Senhor, e o Senhor é para o corpo” (I Coríntios 6,13).


“Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? (id. v.15)


“Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo” (id. v. 18).


“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (id. v. 19-20).


“Receio que à minha chegada entre vós Deus me humilhe ainda a vosso respeito; e tenha de chorar por muitos daqueles que pecaram e não fizeram penitência da impureza, fornicação e dissolução que cometeram” (II Coríntios 12,21).


“Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem” (Gálatas 5,19).


“Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que disto nem se faça menção entre vós, como convém a santos” (Efésios 5,3).


Penso que essas passagens bíblicas falam por si mesmas e não podem ser anuladas. A Palavra da Igreja é para nós a Palavra de Cristo e de Deus Pai: “Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lucas 10,16).



E a Igreja desde sempre ensinou que a vida sexual só é lícita entre marido e mulher unidos pelo sacramento do matrimônio. Diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC):


"A sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo puramente biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como tal. Ela só se realiza de maneira verdadeiramente humana se for parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até a morte" (CIC § 2361).


“Pela união dos esposos realiza-se o duplo fim do matrimônio: o bem dos cônjuges e a transmissão da vida. Esses dois significados ou valores do casamento não podem ser separados sem alterar a vida espiritual do casal e sem comprometer os bens matrimoniais e o futuro da família. Assim, o amor conjugal entre o homem e a mulher atende à dupla exigência da fidelidade e da fecundidade” (CIC §2363).


Hoje é terrível a luta do jovem cristão contra o pecado da carne, porque o mundo – “que jaz no maligno” – se movimenta em torno do prazer do sexo, e calca aos pés a sagrada Lei de Deus. Mas não podemos esquecer o que disse o Apóstolo: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,23). Conheço muitos que sofrem e que sofreram por se entregarem ao pecado da carne, mas não conheço alguém infeliz por ter lutado contra ele. A Carta aos Hebreus diz que devemos “resistir até o sangue na luta contra o pecado” (Hb 12,4).



É certo que para todos é dura a luta contra as paixões da carne, – para os solteiros e para os casados –, mas é preciso dizer que quanto mais árdua for essa luta tanto maior será a vitória e a glória que daremos a Deus em nosso corpo. A Igreja ensina o remédio contra o pecado: jejum, esmola e oração.


Jesus disse aos Apóstolos no Horto das Oliveiras: “Vigiai e orai, o espírito é forte, mas a carne é fraca”. Então, temos de fortalecer a vontade com a penitência, a mortificação, a oração sem cessar, e, sobretudo, a vigilância. Tudo o que entra na alma, entra pelos sentidos (olhos, mãos, nariz, boca, ouvidos); então, é preciso vigiá-los contra tudo que leve excitação para a alma.



Mas, os maiores Remédios que a Igreja põe à nossa disposição continuamente são a Confissão e a Eucaristia; a primeira lava o corpo e a alma da fornicação, e a segunda a sustenta para não cair novamente.



Esta é uma luta que muito agrada a Deus, porque a castidade é uma grande virtude.




Felipe Aquino


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Aids, Papa e Preservativos




MADRI, 20 Mai. 09 (ACI) .


Em uma entrevista concedida à revista francesa Famille chretienne, Dominique Morin, um doente de AIDS que dedica sua vida a educar pessoas sobre este mal, agradeceu ao Papa Bento XVI por ter quebrado o tabu em torno do mito do preservativo.



Na entrevista, difundida em espanhol pela revista Alfa e Omega, Morin destaca o aporte do Pontífice ao recordar que "o homem não se pode resignar a ter comportamentos sexuais com risco (vagabundagem sexual ou homossexual), nem a sociedade fundar uma prevenção da AIDS sobre o fracasso. Ele recordou que o homem está dotado de razão, de liberdade que lhe faz capaz de pensar em seus atos. A solução para o AIDS está nos meios de propagação".



Morin coincide em que "o único meio de pará-lo é evitar os comportamentos de risco. É simples sentido comum, mas não é algo que abunde hoje em dia! Assim que lhe dou as graças ao Papa por ter quebrado o tabu. Ele não nos está falando de uma teoria que se acaba de inventar. Não tem feito mais que recordar o que apregoa a Igreja".



Com 15 anos de experiência em colégios, Morin sustenta que "os jovens hoje só pensam em uma sexualidade impulsiva, instintiva. Esse é seu único horizonte. Agora bem, depois da pergunta: "me diga como conseguir uma garota fácil?"esconde-se uma aspiração profunda: o desejo de amar. Dizer que um jovem está obrigado a ter relações sexuais para descobrir-se e aprender a amar corresponde à lógica freudiana, que é falsa. Existe outra via distinta à pornografia, à masturbação, às relações instáveis... Não dizer-lhes esta verdade equivale a mentir.



Os que lhes dizem que utilizem um preservativo se lavam as mãos e tranqüilizam sua consciência a preço baixo. O jovem se encontra ao limite de seus meios, com relações sem confiança. O preservativo é um engano e uma fraude". Morin contraiu o AIDS nos anos em que levou uma vida licenciosa. "Nos anos 80, eu vivia na delinqüência, a droga, o sexo e a violência política. Em 1986 começou minha conversão. Eu não podia mais com toda essa violência. Com a prática religiosa, tenho descoberto uma felicidade que não conhecia. Decidi a confessar-me, lancei-me! E reencontrei a misericórdia de Deus através do sorriso benevolente do sacerdote e de sua absolvição. Depois, em 1993, descobri que estava infectado de AIDS em fase 4. Já estava fichado!"



Para Morin, o único meio seguro de não transmitir o vírus é a abstinência total. "Eu não sou melhor que os outros doentes. Minha conversão tem me feito trocar minha perspectiva sobre mim mesmo, sobre meu corpo e minha relação com os outros. A oração e os sacramentos me deram as graças necessárias para arrancar meus hábitos e combater minha debilidade. Aprendi a me dominar. Também tenho descoberto minhas relações castas com as garotas. A abstinência sexual é às vezes difícil, mas o prazer do que me privo não me falta realmente, se comparo à vida serena que hoje tenho", sustenta.



Do mesmo modo, esclarece que "jamais se sentiu rejeitado pela Igreja; ao contrário. Ela me abriu as suas portas, acolheu-me tal como era. Senti-me amado. A Igreja diferencia entre a pessoa e seus atos. Antes de minha conversão, eu me sentia condenado pelo que acreditava que eram as propostas da Igreja, porque eu me acreditava um com meus atos. Acreditava que quando a Igreja condenava tal ato, ela condenava ao homem. Agora bem, a vingança de Deus é perdoar, como diz Pagnol. Deus só sabe amar. Ele quer com um amor predileto aos doentes de AIDS".



Aos acusadores da Igreja hoje, Morin recorda que "a Igreja foi primeira em ocupar-se dos doentes de AIDS. Nos anos 80, nos Estados Unidos, o Cardeal O'Connor abriu um serviço especial para acolhê-los, embora se ignorasse então os riscos de contágio. A Madre Teresa criou o primeiro centro dedicado aos doentes de AIDS: O presente de amor, em Nova Iorque. Existem muitos mais hoje em dia por todo mundo".



"A Igreja vê a bondade do homem. O Papa cumpre com seu papel de pai, de pedagogo, quando recorda que o homem está destinado a amar na verdade, e não na mentira, no medo e o risco de morrer. Mostra-nos um caminho exigente, sem pretender agradar-nos nem seduzir-nos. A AIDS se propaga pela promiscuidade. O único meio de contê-la é voltar para a raiz do amor. Todos aspiramos ao amor verdadeiro, baseado na confiança. O verdadeiro inferno não radica em ser castigado pelas conseqüências de nosso pecado, a não ser em ter medo ao amor", conclui.



Fonte: Agência Católica de Notícias ACI

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Por que o celibato do sacerdote?



Jesus Cristo é o verdadeiro sacerdote e foi celibatário; então, a Igreja vê n'Ele o modelo do verdadeiro sacerdote que, pelo celibato, se conforma ao grande Sacerdote.
Jesus deixou claro a Sua aprovação e recomendação ao celibato para os sacerdotes, quando disse: “Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda” (Mateus 19,12).
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Nisso Cristo está dizendo que os sacerdotes devem assumir o celibato, como Ele o fez, “por amor ao Reino de Deus”. O sacerdote deve ficar livre dos pesados encargos de manter uma família, educar filhos, trabalhar para manter o lar; podendo assim dedicar-se totalmente ao Reino de Deus. É por isso que, desde o ano 306, no Concílio de Elvira, na Espanha, o celibato se estendeu por todo o Ocidente, até que em 1123 o Concílio universal de Latrão I o tornou obrigatório.
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É preciso dizer que a Igreja não impõe o celibato a ninguém; ele deve ser assumido livremente e com alegria por aqueles que têm essa vocação especial de se entregar totalmente ao serviço de Deus e da Igreja. É uma graça especial que o Senhor concede aos chamados ao sacerdócio e à vida religiosa. Assim, o celibato é um sinal claro da verdadeira vocação sacerdotal.
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No início do Cristianismo a grandeza do celibato sacerdotal ainda não era possível; por isso São Paulo escreve a Timóteo, que o grande Apóstolo colocou como bispo de Éfeso, dizendo: “O epíscopo ou presbítero deve ser esposo de uma só mulher” (1Tm 3, 2). Estaria, por isso, o padre hoje obrigado a se casar? Não.
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O Apóstolo dos gentios tinha em vista uma comunidade situada em Éfeso, cujos membros se converteram em idade adulta, muitos deles já casados. Dentre esses o Apóstolo deseja que sejam escolhidos para o sacerdócio homens casados (evitando os viúvos recasados).
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Já no ano 56, São Paulo, que optou pelo celibato, escrevia aos fiéis de Corinto (cf. 1Cor 7,25-35) enfatizando o valor do celibato: “Aos solteiros e às viúvas digo que lhes é bom se permanecessem como eu. Mas se não podem guardar a continência que se casem” (1Cor 7,8). “Não estás ligado a uma mulher? Não procures mulher”. São Paulo se refere às preocupações ligadas ao casamento (orçamento, salário, educação dos filhos...).
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E enfatiza:
“Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar à esposa, e fica dividido. Da mesma forma a mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo; procura como agradar ao marido”. “Procede bem aquele que casa sua virgem; aquele que não a casa, procede melhor ainda” (1Cor 7, 38). A virgindade consagrada e o celibato não tinham valor nem para o judeu nem para o pagão. Eles brotam da consciência de que o Reino já chegou com Jesus Cristo.
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O último Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia confirmou o celibato e o Papa Bento XVI expressou isso na Exortação Apostólica pos-sinodal “Sacramentum Caritatis”, de 22 fev 2007. Disse o Sumo Pontífice:

“Os padres sinodais quiseram sublinhar como o sacerdócio ministerial requer, através da ordenação, a plena configuração a Cristo... é necessário reiterar o sentido profundo do celibato sacerdotal, justamente considerado uma riqueza inestimável e confirmado também pela prática oriental de escolher os bispos apenas de entre aqueles que vivem no celibato (...)
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Com efeito, nesta opção do sacerdote encontram expressão peculiar a dedicação que o conforma a Cristo e a oferta exclusiva de si mesmo pelo Reino de Deus. O fato de o próprio Cristo, eterno sacerdote, ter vivido a sua missão até ao sacrifício da cruz no estado de virgindade constitui o ponto seguro de referência para perceber o sentido da tradição da Igreja Latina a tal respeito.
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Assim, não é suficiente compreender o celibato sacerdotal em termos meramente funcionais; na realidade, constitui uma especial conformação ao estilo de vida do próprio Cristo. Antes de mais, semelhante opção é esponsal: a identificação com o coração de Cristo Esposo que dá a vida pela sua Esposa.
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Em sintonia com a grande tradição eclesial, com o Concílio Vaticano II e com os Sumos Pontífices meus predecessores, corroboro a beleza e a importância duma vida sacerdotal vivida no celibato como sinal expressivo de dedicação total e exclusiva a Cristo, à Igreja e ao Reino de Deus, e, consequentemente, confirmo a sua obrigatoriedade para a tradição latina. O celibato sacerdotal, vivido com maturidade, alegria e dedicação, é uma bênção enorme para a Igreja e para a própria sociedade” (n.24).


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O Mahatma Ghandi, hindu, tin
ha grande apreço pelo celibato. Ele disse: “Não tenham receio de que o celibato leve à extinção da raça humana. O resultado mais lógico será a transferência da nossa humanidade para um plano mais alto... “Vocês erram não reconhecendo o valor do celibato: eu penso que é exatamente graças ao celibato dos seus sacerdotes que a Igreja católica romana continua sempre vigorosa” (Tomás Tochi, “Gandhi, mensagem para hoje”, Ed. Mundo 3, SP, pp. 105ss,1974).

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Alguns querem culpar o celibato pelos erros de uma minoria de padres que se desviam do caminho de Deus. A queda desses padres no pecado não é por culpa do celibato, e sim por falta de vocação, oração, zelo apostólico, mortificação, etc; tanto assim que a maioria vive na castidade e por uma longa vida. Quantos e quantos padres e bispos vivendo em paz e já com seus cabelos brancos!

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O casamento poderia trazer muitas dificuldades aos sacerdotes. Não nos iludamos, casados, eles teriam todos os problemas que os leigos têm, quando se casam. O primeiro é encontrar, antes do diaconato, uma mulher cristã exemplar que aceite as muitas limitações que qualquer sacerdote tem em seu ministério. Essa mulher e mãe teria de ficar muito tempo sozinha com os filhos. Depois, os padres casados teriam de trabalhar e ter uma profissão, como os pastores protestantes, para manter a família. Quantos filhos teriam? Certamente não todos que talvez desejassem. Teriam certamente que fazer o controle da natalidade pelo método natural Billings, que exige disciplina. A esposa aceitaria isso?

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Além disso, podemos imaginar como seria nocivo para a Igreja e para os fiéis o contratestemunho de um padre que por ventura se tornasse infiel à esposa e mãe dos seus filhos! Mais ainda, na vida conjugal não há segredos entre marido e mulher. Será que os fiéis teriam a necessária confiança no absoluto sigilo das confissões e aconselhamentos com o padre casado? Você já pensou se um dos filhos do padre entrasse pelos descaminhos da violência, da bebedeira, das drogas e do sexo prematuro, com o possível engravidamento da namorada?

Tudo isso, mas principalmente a sua conformação a Jesus Cristo, dedicado total e exclusivamente ao Reino de Deus, valoriza o celibato sacerdotal.





Prof. Felipe Aquino





Fonte: Canção Nova

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Resumo da Vida Católica (7)

OS DEZ MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS


"Que deverei fazer de bom para obter a vida eterna? - Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos"[1].

Por seu modo de agir e pregar, Jesus testemunhou o valor perene do Decálogo. O Decálogo contém uma expressão privilegiada da Lei Natural. O reconhecemos pela Revelação Divina e pela razão humana.


Os Dez Mandamentos, em seu conteúdo fundamental, enunciam obrigações graves. No entanto, a obediência a estes preceitos implica também obrigações cuja matéria é, por si mesma, leve.

1. Amarás a Deus sobre todas as coisas.

2. Não usarás o nome de Deus em vão.

3. Santificarás os dias de guarda (Guardar domingos e festas).

4. Honrarás o teu pai e a tua mãe.

5. Não matarás.

6. Não cometerás atos impuros (Não pecar contra a castidade).

7. Não roubarás.

8. Não prestarás falso testemunho nem mentiras.

9. Não consentirás pensamentos nem desejos impuros (Não desejar a mulher do próximo).

10. Não cobiçarás os bens alheios.

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Nota:
[1] Cf. Catec. Igr. Cat. §§ 2075-2081.

http://www.veritatis.com.br/article/5155

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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

MÁQUINAS DE CAMISINHAS

MÁQUINAS DE CAMISINHAS NAS ESCOLAS PÚBLICAS
O Ministério da Saúde já está inaugurando as primeiras 400 “máquinas de camisinha”, nas escolas públicas, segundo o anúncio do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante o 7º Congresso Brasileiro de Prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, em Florianópolis (SC). O encontro foi promovido pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.
A Igreja não concorda em hipótese alguma com esta medida imoral e inócua. E os nossos Bispos, bem como o Papa, já se manifestaram muitas vezes contra o uso e a distribuição de “camisinhas” para os jovens, por se tratar de um procedimento imoral e que fomenta o uso irresponsável do sexo, deseduca o jovem e faz aumentar ainda mais a contaminação pela AIDS e também há o aumento do número de meninas grávidas, como mostram alguns especialistas.
É uma tristeza e uma vergonha que se estimule, mesmo que indiretamente, os nossos filhos à promiscuidade sexual. O jovem cristão jamais deverá usar uma camisinha pelos seguintes motivos:
– A vida sexual deve ser vivida apenas no casamento de um homem com uma mulher (cf. Gn 2, 24) unidos em matrimônio. Fora disso, a vida sexual é pecaminosa (fornicação ou adultério).
– O ato sexual entre os casais deve sempre estar aberto à vida, e não ser impedido por meios artificiais, como a camisinha. Seu uso é imoral em qualquer situação.
– Está mais que comprovado que a camisinha não proporciona o tal “sexo seguro”; muitos pesquisadores afirmam que o vírus da AIDS, por ser cerca de 500 vezes menor que um espermatozóide, pode passar através do látex da camisinha, especialmente quando há problema de vencimento do prazo, má conservação, más fabricações, etc.
Uganda é o único país da África que conseguiu até hoje baixar consideravelmente o número de contaminados pelo vírus da AIDS com uma campanha de fidelidade conjugal e de abstinência sexual antes do casamento. A castidade mostrou os seus frutos. A contaminação caiu de 26% para 6%. Por outro lado, a África do Sul, está com 30% da população contaminada, mesmo com o derramamento de milhões de camisinhas sobre a população.
O Papa João Paulo II assim se expressou sobre a “camisinha”: “Além de que o uso de preservativos não é 100% seguro, liberar o seu uso convida a um comportamento sexual incompatível com a dignidade humana... O uso da chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo ... O preservativo oferece uma falsa idéia de segurança e não preserva o fundamental” (Pergunte ao Papa, Augusto Silberstein, Legnar Informática e Editora Ltda, SP, pg. 57).
O filósofo francês, católico, Paul Claudel disse certa vez que: “A juventude não foi feita para o prazer, mas para o desafio”. Se você quer um dia construir uma família sólida, um casamento estável e uma felicidade duradoura, então precisa plantar hoje, para colher amanhã. Ninguém colhe se não semear.
Na Carta aos Gálatas, São Paulo diz: “De Deus não se zomba. O que o homem semeia, isto mesmo colherá” (Gl 6,7). A gravidade do pecado da impureza é que mancha o Corpo de Cristo. “Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um de sua parte, é um dos seus membros” (1Cor 12,27), diz São Paulo, “... assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós somos membros uns dos outros” (Rm 12,5).
Já é hora de voltarmos a falar aos jovens, corajosamente, sobre a importância da castidade e da virgindade. A família cristã, diante deste mundo paganizado, é chamada a dar testemunho dessas verdades. Também sobre a homossexualidade, os pais têm o dever de ensinar os filhos o que a Igreja ensina. Muitos pais já estão sendo levados a ser “tolerantes” com o pecado de seus filhos. Isso fere a moral católica e a lei de Deus.
Vale a pena recordar as sérias advertências de São Paulo:
“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em vós, o qual recebestes de Deus, e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço” (1Cor 6,19).
“O corpo, porém não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o Corpo: Deus que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder” (1Cor 6,13).
“Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (1Cor 6,20).
“Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós” (1Cor 3,16-17).
Mahatma Gandhi, que libertou a Índia, e que não era cristão, mas amava Jesus, disse essas belas palavras:
“A castidade não é uma cultura de estufa. A castidade é uma das maiores disciplinas, sem a qual a mente não pode alcançar a firmeza necessária”.
“A vida sem castidade parece-me vazia e animalesca”.
“Um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor, torna-se efeminado e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as paixões baixas é incapaz de qualquer grande esforço” (Tomás Tochi, "Gandhi, mensagem para hoje", Ed. Mundo 3, SP, pp. 105ss, 1974).
Os homens e mulheres que mais contribuíram para o progresso do ser humano e do mundo foram aqueles que souberam dominar as suas paixões, e, sobretudo, viver a castidade.
Fico impressionado ao observar como têm vida longa, por exemplo, a maioria dos nossos bispos católicos, e tantos sacerdotes que sempre guardaram com carinho a castidade. Se ela fosse prejudicial à saúde, não teríamos tantos bispos, padres e freiras, tão idosos, felizes e equilibrados.
Santo Agostinho dizia:
“Se queres ser feliz, sê casto”.
O Estado é laico, mas o povo brasileiro é católico em sua maioria. Isso é comprovado pelo Instituto de Pesquisa do próprio governo, o IBGE.
Então esse bom povo católico tem o direito de que os seus filhos recebam uma educação pública de acordo com os seus bons costumes, que moldaram a nossa civilização, sem imoralidades.
Por isso, é dever e direito dos pais protestarem ordenadamente contra esse absurdo implantado em nossas escolas. Se não o fizerem, seus filhos serão moldados pela mentalidade neopagã que domina cada vez mais a sociedade e o Estado.
Prof. Felipe Aquino
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Celibato Sacerdotal

Nessa semana, recordamos a vocação à vida consagrada: religiosos, religiosas, consagradas e consagrados nos institutos e comunidade de vida apostólica e nas novas comunidades.
Essa recordação é feita porque no dia 15 celebramos o Dia da Assunção de Maria aos céus - que comemoramos ontem na Liturgia. Maria, como mulher modelo de consagração a Deus dá o tom da comemoração do dia da vocação à vida consagrada.
Segue um documento do cardeal Claudio Hummes sobre o tema tão comentado que é o celibato sacerdotal. Importante que nós católicos, conheçamos os motivos e necessidades desse dom que é o celibato, que Deus concede aos nossos queridos sacerdotes e religiosos.
A nós, leigos que não somos celibatários, a mesma castidade nos é requerida, mas de uma outra forma, pela é a fidelidade à esposa/esposo. A eles (os padres e religiosos), o chamado vai além, por isso, exige vocação diferente da nossa, um amor superior a Jesus, a formação, e dedicação total à Jesus e ao Reino de Deus.
Uma ótima semana a todos e boa leitura.
Oremos sempre pela santificação de nossos queridos padres, religiosos e religiosas, para que possam assumir com amor e santidade essa bela vocação que receberam de Jesus.
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REFLEXÕES DO CARDEAL CLAÚDIO HUMMES
POR OCASIÃO DO XL ANIVERSÁRIO DA CARTA ENCÍCLICA
«SACERDOTALIS CAELIBATUS»
DO PAPA PAULO VI



A importância do celibato sacerdotal


Entrando no XL aniversário da publicação da Encíclica "Sacerdotalis caelibatus" de Sua Santidade Paulo VI, a Congregação para o Clero considera oportuno recordar o ensinamento magisterial deste importante documento pontifício.


Verdadeiramente, o celibato sacerdotal é um dom precioso de Cristo à sua Igreja, um dom sobre o qual é necessário meditar e revigorar sempre de novo, sobretudo no mundo de hoje profundamente secularizado.


De fato os estudiosos indicam que as origens do celibato sacerdotal nos fazem remontar aos tempos apostólicos. Ignace de la Potterie escreve: "Há uma geral sintonia entre os estudiosos para dizer que a obrigação do celibato ou pelo menos da continência se tornou lei canônica desde o século IV. [...]. Mas é importante observar que os legisladores do IV ou V século afirmavam que esta disposição canônica se baseava numa tradição apostólica. Dizia por exemplo o Concílio de Cartagena (de 390): "Convém que aqueles que estão ao serviço dos mistérios divinos sejam perfeitamente continentes (continentes esse in omnibus) para que aquilo que os apóstolos ensinaram e a própria antiguidade manteve, o observemos nós também"(1). No mesmo sentido, A. M. Stickler fala de assuntos bíblicos em favor do celibato de inspiração apostólica (2).


Desenvolvimento histórico


O Magistério solene da Igreja recorda ininterruptamente as disposições sobre o celibato eclesiástico. O Sínodo de Elvira (300-303?) no Cânone 27 prescreve: "Um Bispo, como qualquer outro clérigo, tenha consigo unicamente ou uma irmã ou uma virgem consagrada; estabeleceu-se que não deva absolutamente ter uma estranha"; e no cânone 33: "Decidiu-se amplamente a seguinte proibição aos Bispos, aos presbíteros e aos diáconos, assim como a todos os clérigos que exercem um ministério: abstenham-se das suas esposas e não gerem filhos; quem o fizer deverá ser afastado do estado clerical"(3).

Também o Papa Cirício (384-399), na carta ao Bispo Imério de Tarragona de 10 de Fevereiro de 385, afirma: "O Senhor Jesus [...] quis que a figura da Igreja, da qual é o esposo, emane o esplendor da castidade [...] pela lei indissolúvel destas disposições todos nós sacerdotes estamos ligados [...] para que desde o dia da nossa ordenação entreguemos quer os nossos corações quer os nossos corpos à sobriedade e à castidade, para agradar ao Senhor nosso Deus nos sacrifícios que oferecemos todos os dias" (4).


No Concílio Ecumênico Lateranense I de 1123, no Cânone 3, lemos: "Proibimos do modo mais absoluto aos sacerdotes, diáconos, subdiáconos, de viver com as concubinas ou com as esposas e de coabitar com mulheres diversas das que o Concílio de Nicéia (325) permitiu que se viva"(5). Assim também na sessão XXIV do Concílio de Trento, no Cânone 9, se recorda a absoluta impossibilidade de contrair matrimônio aos clérigos constituídos nas ordens sagradas ou aos religiosos que fizeram profissão solene de castidade; com ela a nulidade do próprio matrimônio, juntamente com o dever de pedir a Deus o dom da castidade com intenção reta(6).

Em tempos mais recentes o Concílio Vaticano II recordou na declaração "Presbyterorum ordinis", 7 o vínculo estreito entre celibato e Reino de Deus, vendo no primeiro um sinal que anuncia de modo radioso o segundo, um início de vida nova, a cujo serviço o ministro da Igreja é consagrado.

Com a encíclica de 24 de Junho de 1967, Paulo VI manteve uma promessa feita aos Padres conciliares dois anos antes. Ele examina as objeções apresentadas em relação à disciplina do celibato e, ressaltando os seus fundamentos cristológicos e fazendo apelo à história e ao que os documentos dos primeiros séculos nos ensinam a propósito das origens do celibato-continência, confirma plenamente o seu valor.

O Sínodo dos Bispos de 1971, quer no esquema pré-sinodal Mysterium presbyterorum (15 de Fevereiro), quer no documento final Ultimis temporibus (30 de Novembro), afirma a necessidade de conservar o celibato na Igreja latina, iluminando o seu fundamento, a convergência dos motivos e as condições que o favorecem(8).

A nova codificação da Igreja latina de 1983 reafirma a tradição de sempre: "Os clérigos são obrigados a observar a continência perfeita e perpétua pelo Reino dos céus; por isso são obrigados ao celibato, que é um dom especial de Deus, pelo qual os ministros sagrados podem mais facilmente unir-se a Cristo de coração indiviso e dedicar-se mais livremente ao serviço de Deus e dos homens"(9).

Na mesma linha se move o Sínodo de 1990, do qual surgiu a exortação apostólica do Servo de Deus o Papa João Paulo II Pastores dabo vobis, na qual o Pontífice apresenta o celibato como uma exigência de radicalismo evangélico, que favorece de modo especial o estilo de vida esponsal e que brota da configuração do sacerdote com Jesus Cristo, através do Sacramento da Ordem(10).

O Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1992 e que recolhe os primeiros frutos do grande acontecimento do Concílio Ecumênico Vaticano II, reafirma a mesma doutrina: "Todos os ministros ordenados na Igreja Latina, à exceção dos diáconos permanentes, são normalmente escolhidos entre os homens crentes que vivem celibatários e têm vontade de guardar o celibato "por amor do Reino dos Céus""(11).

No mesmo recentíssimo Sínodo sobre a Eucaristia, segundo a publicação provisória, oficiosa e não oficial das suas proposições finais, concedida pelo Papa Bento XVI, na proposição n. 11, sobre a escassez de clero em algumas partes do mundo e sobre a "fome eucarística" do povo de Deus, reconhece-se "a importância do dom inestimável do celibato eclesiástico na prática da Igreja latina".
Com referência ao Magistério, particularmente ao Concílio Ecumênico Vaticano II e aos últimos pontífices, os padres pediram que fossem ilustradas adequadamente as razões da relação entre celibato e ordenação sacerdotal, no pleno respeito da tradição das Igrejas Orientais. Houve quem fizesse referência à questão dos viri probati, mas a hipótese foi avaliada como um caminho que não se deve percorrer.


Só no passado dia 16 de Novembro de 2006 o Papa Bento XVI presidiu no Palácio Apostólico a uma das periódicas reuniões dos Chefes de Congregações da Cúria Romana. Naquela sede foi reafirmado o valor da opção do celibato sacerdotal segundo a ininterrupta tradição católica e foi reafirmada a exigência de uma sólida formação humana e cristã quer para os seminaristas quer para os sacerdotes já ordenados.


As razões do Sagrado Celibato


Na Encíclica "Sacerdotalis caelibatus", Paulo VI apresenta inicialmente a situação em que se encontrava naquele tempo a questão do celibato sacerdotal, quer sob o ponto de vista do seu apreço quer das objeções.
As suas primeiras palavras são determinantes e ainda atuais: "O celibato sacerdotal, que a Igreja guarda desde há séculos como brilhante pedra preciosa, conserva todo o seu valor mesmo nos nossos tempos, caracterizados por uma transformação profunda na mentalidade e nas estruturas"(12).
Paulo VI revela o que ele mesmo meditou, interrogando-se sobre o assunto para poder responder às objeções, e conclui: "Julgamos portanto que a lei vigente do celibato consagrado deve ainda hoje, acompanhar firmemente o ministério eclesiástico; deve tornar possível ao ministro a sua escolha exclusiva, perene e total do amor único de Deus e ao serviço da Igreja, e deve ser característica do seu estado de vida, tanto na comunidade dos fiéis como na profana"(13).

"É certo", acrescenta o Papa, "conforme declarou o Concílio Ecumênico Vaticano II, a virgindade não é requerida pela própria natureza do sacerdócio, como se conclui da prática da Igreja primitiva e da tradição das Igrejas Orientais ( "Presb. Ord", 16). Mas o mesmo Sagrado Concílio não hesitou em confirmar solenemente a antiga, sagrada e providencial lei vigente do celibato sacerdotal, expondo também os motivos que a justificam aos olhos de quem sabe apreciar com espírito de fé e com íntimo e generoso fervor os dons divinos"(14).

É verdade. O celibato é um dom que Cristo oferece a quantos são chamados ao sacerdócio. Este dom deve ser acolhido com amor, alegria e gratidão. Assim, será fonte de felicidade e de santidade.

As razões do celibato sagrado, expostas por Paulo VI, são três: o seu significado cristológico, o significado eclesiológico e o escatológico.

Comecemos com o significado cristológico.
Cristo é novidade. Realiza uma nova criação. O seu sacerdócio é novo. Ele renova todas as coisas. Jesus, o Filho unigênito do Pai, enviado ao mundo, "fez-se homem para que a humanidade sujeita ao pecado e à morte, fosse regenerada e, por meio dum nascimento novo, entrasse no Reino dos céus.
Consagrando-se inteiramente à vontade do Pai, Jesus realizou, por meio do seu mistério pascal, esta nova criação, introduzindo no tempo e no mundo uma forma de vida, sublime e divina, que transforma a própria condição terrena da humanidade"(15).

O próprio matrimônio natural, abençoado por Deus desde a criação, mas ferido pelo pecado, foi renovado por Cristo, que "o elevou à dignidade de sacramento e de sinal misterioso da sua união com a Igreja. [...]
Mas Cristo, Mediador de um Testamento mais excelente (cf. Hb 8, 6), abriu também um novo caminho, em que a criatura humana, unindo-se total e diretamente ao Senhor, e preocupada apenas com Ele e com as coisas que Lhe dizem respeito, manifesta de maneira mais clara e completa a realidade profundamente inovadora do Novo Testamento"(16).

Esta novidade, este novo caminho, é a vida na virgindade, que o próprio Jesus viveu, em harmonia com o seu ser mediador entre o céu e a terra, entre o Pai e o gênero humano. "Em plena harmonia com esta missão, Cristo manteve-se toda a vida no estado de virgindade, o que significa a sua dedicação total ao serviço de Deus e dos homens"(17). Serviço de Deus e dos homens significa amor total e sem reservas, que marcou o viver de Jesus entre nós. Virgindade por amor do Reino de Deus!

Mas, Cristo, chamando os seus sacerdotes a serem ministros da salvação, isto é, da nova criação, chama-os a ser e a viver em novidade de vida, unidos e semelhantes a Ele na forma mais perfeita possível. Disto deriva o dom do sagrado celibato, como configuração mais plena com o Senhor Jesus e profecia da nova criação.
Os seus apóstolos foram por Ele chamados "amigos". Chamou-os a segui-lo muito de perto, em tudo, até à cruz. E a cruz os levará à ressurreição, à nova criação realizada.
Por isso sabemos que segui-lo com fidelidade na virgindade, que inclui uma imolação, nos conduzirá à felicidade. Deus não chama à infelicidade, mas à felicidade. A felicidade, contudo, conjuga-se sempre com a fidelidade. Disse-o o saudoso Papa João Paulo II aos esposos reunidos com ele no II Encontro Mundial das Famílias, no Rio de Janeiro.

Assim emerge o tema do significado escatológico do celibato, enquanto sinal e profecia da nova criação, ou seja, do Reino definitivo de Deus na Parusia, quando todos ressuscitarem da morte.

"Deste Reino, a Igreja constitui na terra o germe e o início", como nos ensina o Concílio Vaticano II(18). Nestes "últimos tempos", a virgindade, vivida por amor do Reino de Deus, constitui um sinal particular, porque o Senhor anunciou que "com a ressurreição [...] não se tem nem esposa nem marido, mas somos como anjos de Deus no céu" (19).

Num mundo como o nosso, mundo do espetáculo e dos prazeres fáceis, profundamente fascinado pelas coisas terrenas, sobretudo pelo progresso das ciências e das tecnologias recordamos as ciências biológicas e as biotecnologias o anúncio de um além, ou seja, de um mundo futuro, de uma parusia, como acontecimento definitivo de uma nova criação, é determinante e ao mesmo tempo liberta da ambigüidade das aporias, das vozearias, dos sofrimentos e contradições, em relação aos verdadeiros bens e aos novos conhecimentos profundos que o progresso humano atual traz consigo.

Finalmente, o significado eclesiológico do celibato conduz-nos mais diretamente à atividade pastoral do sacerdote.

Afirma a Encíclica: "A virgindade consagrada dos sacerdotes manifesta, de fato, o amor virginal de Cristo pela sua Igreja e a fecundidade virginal e sobrenatural desta união"(20). Semelhante a Cristo e em Cristo, o sacerdote desposa-se misticamente com a Igreja, ama a Igreja com amor exclusivo.

Assim, dedicando-se totalmente às coisas de Cristo e do seu Corpo Místico, o sacerdote goza de uma ampla liberdade espiritual para estar ao serviço amoroso e total de todos os homens, sem distinção.

"Assim o sacerdote, na morte quotidiana de si mesmo, na renúncia ao amor legítimo de uma própria família por amor de Cristo e do seu Reino, encontrará a glória de uma vida em Cristo pleníssima e fecunda, porque como Ele e n'Ele ama e se entrega a todos os filhos de Deus"(21).

A Encíclica acrescenta ainda como o celibato faça crescer a idoneidade do sacerdote à escuta da Palavra de Deus e à oração, assim como o habilita para colocar totalmente no altar a própria vida, que traz os sinais do sacrifício(22).


Valor da castidade e do celibato


O celibato, antes de ser uma disposição canônica, é um dom de Deus à sua Igreja, é uma questão ligada à dedicação total ao Senhor. Mesmo na distinção entre a disciplina celibatária dos seculares e a experiência religiosa da consagração e da emissão dos votos, está fora de questão que não há outra interpretação nem justificação possível do celibato eclesiástico fora da dedicação total ao Senhor, numa relação que seja, também sob o ponto de vista afetivo, exclusiva; isto pressupõe uma forte relação pessoal e comunitária com Cristo, que transforma os corações dos Seus discípulos.

A opção celibatária da Igreja Católica de rito latino desenvolveu-se, desde os tempos apostólicos, precisamente no seguimento da relação do sacerdote com o seu Senhor, tendo como grande ícone o "Amas-me mais do que estes?" (23)que Jesus Ressuscitado dirige a Pedro.

As razões cristológicas, eclesiológicas e escatológicas do celibato, todas radicadas na comunhão especial com Cristo à qual o sacerdote é chamado, são portanto declináveis em diversos modos segundo quanto é afirmado expressamente pela "Sacerdotalis caelibatus".


Antes de tudo o celibato é "sinal e estímulo da caridade pastoral"(24). Ela é o critério supremo para julgar a vida cristã em todos os seus aspectos; o celibato é um caminho de amor, mesmo se o próprio Jesus, como refere o Evangelho segundo Mateus, afirma que nem todos podem compreender esta realidade: "Nem todos compreendem esta linguagem, mas apenas aqueles a quem isso é dado"(25).


Esta caridade declina-se no clássico dúplice aspecto de amor a Deus e aos irmãos: "Com a virgindade ou o celibato observado pelo Reino dos céus os presbíteros consagram-se a Deus com um novo e excelso título, aderem mais facilmente a Ele com coração indiviso"(26).
São Paulo, num trecho ao qual aqui se alude, apresenta o celibato e a virgindade como "caminho para agradar a Deus" sem divisões(27): por outras palavras, um "caminho do amor" que certamente pressupõe uma vocação particular, e neste sentido é um carisma, e que é em si mesmo excelente quer para o cristão quer para o sacerdote.

O amor radical para com Deus torna-se através da caridade pastoral amor para com os irmãos. Na "Presbyterorum ordinis" lemos que os sacerdotes "se dedicam mais livremente a ele e para ele ao serviço de Deus e dos homens, servem com maior eficiência o seu Reino e a sua obra de regeneração divina e deste modo se dispõem melhor para receber uma paternidade mais ampla em Cristo"(28).
A experiência comum confirma como seja mais simples abrir o coração aos irmãos plenamente e sem reservas para quem não está ligado a outros afetos, por muito legítimos ou santos que sejam, além do de Cristo.

O celibato é o exemplo que o próprio Cristo nos deixou. Ele quis ser celibatário. Explica ainda a Encíclica: "Cristo permaneceu por toda a sua vida no estado de virgindade, o que significa a sua total dedicação ao serviço de Deus e dos homens. Esta profunda relação entre a virgindade e o sacerdócio de Cristo reflete-se em quantos têm o privilégio de participar da dignidade e da missão do Mediador e Sacerdote eterno, e esta participação será tanto mais perfeita, quanto mais o sagrado ministério estiver livre de vínculos de carne e de sangue"(29).


A existência histórica de Jesus Cristo é o sinal mais evidente de que a castidade assumida de modo voluntário por Deus é uma vocação solidamente fundada quer a nível cristão quer da comum racionalidade humana.


Se a vida cristã comum não pode ser legitimamente considerada tal excluindo a dimensão da Cruz, tanto mais a existência sacerdotal seria ininteligível prescindindo da óptica do Crucificado. O sofrimento, por vezes a fadiga e o tédio, até o impasse, têm o seu lugar na existência de um sacerdote, que, contudo, não é por eles definitivamente determinada.
Escolhendo seguir Cristo, desde o primeiro momento, comprometemo-nos a segui-lo até ao Calvário, recordando-nos que é a assunção da própria cruz o elemento que qualifica a radicalidade do seguimento.


Por fim, como foi dito, o celibato é um sinal escatológico. Na Igreja, está presente desde agora o Reino futuro: ela não só o anuncia, mas realiza-o sacramentalmente contribuindo para a "criação nova", enquanto a Sua glória não se manifestar plenamente.


Enquanto o sacramento do matrimônio enraíza a Igreja no presente, imergindo-a totalmente na ordem terrena, a qual se torna ela mesma possível lugar de santificação, a virgindade remete imediatamente para o futuro, para aquela perfeição da criação que será levada a pleno cumprimento somente no final dos tempos.


Meios para ser fiéis ao celibato


A sabedoria bimilenária da Igreja, perita em humanidade, tem indicado constantemente ao longo dos tempos alguns elementos fundamentais e irrenunciáveis para favorecer a fidelidade dos seus filhos ao carisma sobrenatural do celibato.

Entre eles, sobressai, também no recente magistério, a importância da formação espiritual do sacerdote chamado a ser "testemunha do Absoluto". Afirma a Pastores dabo vobis: "Formar-se para o sacerdócio significa habituar-se a dar uma resposta pessoal à questão fundamental de Cristo: "Tu amas-me?". A resposta, para o futuro sacerdote, não pode ser senão o dom total da sua própria vida" (30).
Neste sentido são absolutamente fundamentais os anos da formação quer a remota, vivida em família, quer sobretudo a próxima, nos anos do Seminário, verdadeira escola de amor, na qual, como a comunidade apostólica, os jovens seminaristas se estreitam à volta de Jesus na expectativa do dom do Espírito para a missão.
"A relação do sacerdote com Jesus Cristo e, n'Ele, com a Sua Igreja situa-se no próprio ser do presbítero, em virtude da sua consagração/unção sacramental, e no seu agir, isto é, na sua missão ou ministério"(31). O sacerdócio mais não é do que um "viver intimamente unidos a Ele"(32), numa relação de íntima comunhão que é descrita "com o matiz da amizade"(33).
A vida sacerdotal é, no fundo, aquela forma de existência que seria inconcebível se Cristo não existisse. Precisamente nisto consiste a força do Seu testemunho: a virgindade pelo Reino de Deus é um dado real, existe, porque Cristo, que a torna possível, existe.

O amor ao Senhor é autêntico quando tende para ser total: inamorar-se de Cristo significa conhecê-lo profundamente, freqüentar a Sua pessoa, identificar-se e assimilar o Seu pensamento e, finalmente, acolher sem reservas as exigências radicais do Evangelho. Só podemos ser testemunhas de Deus se fizermos uma experiência profunda de Cristo; da relação com o Senhor depende toda a existência sacerdotal, a qualidade da sua experiência de martyria, do seu testemunho.


Testemunha do Absoluto é unicamente aquele que tem Jesus por amigo e Senhor, que goza da Sua comunhão. Cristo não é apenas objeto de reflexão, tese teológica ou recordação histórica; Ele é o Senhor presente, é vivo porque Ressuscitado e nós somos vivos só na medida em que participamos cada vez mais profundamente da Sua vida.
Sobre esta fé explícita funda-se toda e existência sacerdotal. Por isso a Encíclica diz: "O sacerdote aplique-se antes de tudo a cultivar com todo o amor que a graça lhe inspira a sua intimidade com Cristo, aprofundando o seu mistério inexorável e beatificante; adquire um sentido cada vez mais profundo do mistério da Igreja, fora do qual o seu estado de vida correria o risco de parecer inconsistente e incongruente"(34).


Além da formação e do amor a Cristo, elemento essencial para preservar o celibato é a paixão pelo Reino de Deus, que significa a capacidade de trabalhar ativamente e sem se poupar para que Cristo seja conhecido, amado e seguido. Como o camponês que, tendo encontrado a pérola preciosa, vende tudo para comprar o campo, assim quem encontra Cristo e emprega toda a sua existência com e para Ele, não pode não viver trabalhando para que outros O possam encontrar.


Sem esta perspectiva, qualquer "impulso missionário" destina-se à falência, as metodologias transformam-se em técnicas de conservação de um aparato, e até as orações poderão tornar-se técnicas de meditação e de contacto com o sagrado, nas quais se dissolvem quer o eu humano quer o Tu de Deus.


Uma ocupação fundamental e necessária do sacerdote, como exigência e tarefa, é a oração que, ao contrário, é insubstituível na vida cristã e por conseguinte na sacerdotal. A ela deve ser reservada uma atenção particular: a celebração eucarística, o Ofício divino, a confissão freqüente, a relação afetuosa com Maria Santíssima, os Exercícios Espirituais, a recitação quotidiana do Santo Rosário, são alguns dos sinais espirituais de um amor que, se faltasse, arriscaria inexoravelmente a substituição com os sucedâneos, com freqüência desprezíveis, da imagem, da carreira, do dinheiro, da sexualidade.


O sacerdote é homem de Deus porque é chamado por Deus a sê-lo e vive esta identidade pessoal na pertença exclusiva ao seu Senhor, que se documenta também na opção celibatária. É homem de Deus porque vive d'Ele, a Ele fala, com Ele discerne e decide, em obediência filial, os passos da sua existência cristã.
Quanto mais os sacerdotes forem radicalmente homens de Deus, através de uma existência totalmente teocêntrica, como foi ressaltado pelo Santo Padre Bento XVI nos votos de Natal à Cúria Romana no passado dia 22 de Dezembro de 2006, tanto mais eficaz e fecundo será o seu testemunho, e o seu ministério rico de frutos de conversão. Não há oposição entre a fidelidade a Deus e a fidelidade ao homem mas, ao contrário, a primeira é condição de possibilidade para a segunda.


Conclusão: uma vocação santa


A Pastores dabo vobis, falando da vocação do padre à santidade, depois de ter ressaltado a importância da relação pessoal com Cristo, expressa outra exigência: ao sacerdote, chamado à missão do anúncio, é confiada a Boa Nova para a doar a todos. Contudo, ele é chamado a acolher o Evangelho antes de tudo como dom oferecido à sua existência, à sua pessoa e como acontecimento salvífico que o compromete a uma vida santa.

Nesta perspectiva João Paulo II falou do radicalismo evangélico que deve caracterizar a santidade do sacerdote; portanto é possível indicar nos conselhos evangélicos tradicionalmente propostos pela Igreja e vividos nos estados de vida consagrada os itinerários de um radicalismo vital ao qual também, a seu modo, o sacerdote é chamado a ser fiel.

A exortação afirma: "Expressão privilegiada da radicalidade são os diversos "conselhos evangélicos", que Jesus propõe no Sermão da Montanha e, entre estes, os conselhos, intimamente coordenados entre si, da obediência, pobreza e castidade: o sacerdote é chamado a vivê-los segundo as modalidades, e mais profundamente segundo as finalidades e significado original, que derivam e exprimem a identidade própria do presbítero"(35).

E ainda, retomando a dimensão ontológica sobre a qual o radicalismo evangélico se funda: "O Espírito, consagrando-o e configurando-o a Jesus Cristo Cabeça e Pastor, cria uma ligação que, situada no próprio ser do sacerdote, precisa de ser assimilada e vivida de maneira pessoal, isto é, consciente e livre, mediante uma comunhão de vida e de amor cada vez mais rica e uma partilha sempre mais ampla e radical dos sentimentos e das atitudes de Jesus Cristo. Neste liga-me entre o Senhor Jesus e o padre, liga-me ontológico e psicológico, sacramental e moral, está o fundamento e, ao mesmo tempo, a força para aquela "vida segundo o Espírito" e aquela "radicalidade evangélica", à qual é chamado todo o sacerdote, e que é favorecida pela formação permanente no seu aspecto espiritual"(36).


A nupcialidade do celibato eclesiástico, precisamente por esta relação entre Cristo e a Igreja que o sacerdote é chamado a interpretar e a viver, deveria dilatar o seu espírito, iluminando a sua vida, acendendo o seu coração. O celibato deve ser uma oblação feliz, uma necessidade de viver com Cristo para que Ele derrame no sacerdote aquelas efusões da sua bondade e do seu amor que são inefavelmente plenas e perfeitas.


A este propósito, são iluminadoras as palavras do Santo Padre Bento XVI: "O verdadeiro fundamento do celibato pode estar contido numa só frase: Dominus pars (mea) Tu és a minha terra. Pode ser apenas teocêntrico. Não pode significar o permanecer privados de amor, mas deve significar deixar-se tomar pela paixão por Deus, e aprender depois, graças a um estar mais intimamente com Ele, a servir também os homens. O celibato deve ser um testemunho de fé: a fé em Deus torna-se concreta naquela forma de vida que tem sentido só a partir de Deus. Apoiar a vida n'Ele, renunciando ao matrimônio e à família, significa que acolho e experimento Deus como realidade e por isso posso levá-lo aos homens"(37).


Notas
1. Cf. I. de la Potterie, Il fondamento biblico del celibato sacerdotale, em Solo per amore. Riflessioni sul celibato sacerdotale, Cinisello Balsamo 1993, pp. 14-15.
2. Cf. A.M. Stickler, em Ch. Cochini, Origines apostoliques du Célibat sacerdotal, Preface, p. 6.
3. Cf. H. Denzinger, Enchiridion symbolorum definitionum et declarationum de rebus fidei et morum, ed., P. Hünermann., Bolonha 1995, nn. 118-119, p. 61.
4. Id., Op. Cit., n. 185, p. 103.
5. Id., Op., Cit., n. 711, p. 405.
6. Id., Op., Cit., n. 1809, p. 739.
7. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum ordinis, n. 16.
8. Enchiridion do Sínodo dos Bispos, 1.1965-1988, edd. Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, Bolonha 2005, nn. 755-855; 1068-1114; sobretudo nn. 1100-1105.
9. Codex Iuris canonici, Cân. 277 1.
10. João Paulo II, Exort. Apost. Pastores dabo vobis, 25 de Março de 1992, n. 44.
11. Catecismo da Igreja Católica, n. 1579.
12. Paulo VI, Carta Enc. Sacerdotalis caelibatus, n. 1.
13. Id., n. 14.
14. Id., n. 17.
15.Id., n. 19.
16. Id., n. 20.
17. Id., n. 21.
18. Cf. Conc. Vat. II, Const. Dogm. Lumen gentium, n. 5.
19. Ibidem.
20. Paulo VI, Carta Enc. Sacerdotalis caelibatus, n. 26.
21. Id., n. 30.
22. Cf. Id., nn. 27-29.
23.Jo 21, 15.
24. Paulo VI, Carta Enc. Sacerdotalis caelibatus, n. 24.
25.Mt 19, 11.
26. Conc. Vat. II Decr. Presbyterorum ordinis, n. 16.
27.Cf. 1 Cor 7, 32-33.
28. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum ordinis, n. 16.
29. Paulo VI, Carta Enc., Sacerdotalis caelibatus, n. 21
30. João Paulo II, Pastores dabo vobis, n.42.
31. Id., n. 16.
32. Id., n. 46.
33.Ibidem.
34. Paulo VI, Carta Enc., Sacerdotalis caelibatus, n. 75.
35. João Paulo II, Pastores dabo vobis, n.27.
36. Id., n. 72.
37. Bento XVI, Discurso por ocasião da Audiência à Cúria Romana para a apresentação dos votos de Natal, 22 de Dezembro de 2006.