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quarta-feira, 15 de abril de 2009

Quem vos ama, a Mim ama





OVELHAS




Um criador de ovelhas convocou um pastor para que cuidasse de seu rebanho. Confiante na obediência de suas ovelhas àquele que ele mesmo escolheu, o criador partiu, prometendo que voltaria e que as reencontraria.




Antes de partir, ele ensinou ao pastor tudo o que era necessário para o bem das ovelhas. Zeloso, o pastor conservou fielmente os ensinamentos do seu senhor e fazia tudo o que estava a seu alcance para que as ovelhas, obedecendo a esses ensinamentos, permanecessem no rebanho.




Entretanto, muitas ovelhas fugiam. Não aceitavam o que o pastor lhes ordenava. Fugiam, e ainda insistiam que, mesmo fora do rebanho, continuavam pertencendo ao dono. Sim, mesmo tendo desobedecido a seus ensinamentos, que o pastor lhes transmitiu, e assim lhe desapontado, essas ovelhas ainda achavam que pertenciam ao dono, que lhe eram fiéis. Algumas chegaram a dizer que as ovelhas que ainda seguiam o pastor estavam erradas, que caíram em infidelidade a seu senhor.

Mesmo diante das acusações das desviadas, as outras ovelhas permaneceram fiéis aos ensinamentos do dono, que o pastor lhes transmitia. Quando o dono do rebanho enfim voltou, o pastor lhes devolveu todas as ovelhas que permaneceram no rebanho, e também aquelas que vieram juntar-se a ele depois. As ovelhas que, por sua própria vontade, debandaram do rebanho, ficaram de fora do reencontro com o senhor.





O PASTOR ESCOLHIDO





14 Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos Seus discípulos, depois de ter ressuscitado.
15 Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes?” Respondeu ele: “Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os Meus cordeiros.”
16 Perguntou-lhe outra vez: “Simão, filho de João, amas-Me?” Respondeu-Lhe: “Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os Meus cordeiros”.
17 Perguntou-lhe pela terceira vez: “Simão, filho de João, amas-Me?” Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: “Amas-Me?”, e respondeu-Lhe: “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que Te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta as Minhas ovelhas”. (1)





Nosso Senhor Jesus Cristo confiou os cuidados de Seu rebanho a um homem. Muitos ainda se perguntam como se pode confiar uma missão divina a um humano: a chance de fracasso é grande, seja quem for a pessoa escolhida. Nosso Senhor, ao fundar Sua Igreja, quis confiá-la a um pescador da cidade de Betsaida, a princípio rude e impulsivo, chamado Simão.
Cristo já tinha lhe prometido a autoridade sobre Sua Igreja quando, em Cesaréia de Filipe, chamando-o por um novo nome, Pedro, em hebraico Kefa, “pedra”, disse: “Tu és pedra [Pedro], e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja” (2). Hoje, quase dois mil anos depois, vendo que a Igreja ainda se sustenta, indefectível, podemos até inferir que Cristo escolheu um homem tão simples para provar ainda mais o fundamento, a presença e o amparo divinos dessa instituição.





Cuidados confiados, Nosso Senhor ascendeu aos céus. Quem considera impossível que Cristo tenha edificado Sua Igreja sobre um homem, parece achar que Ele deixou Pedro se virar sozinho com ela. Pelo contrário, já antes de Sua Paixão, Nosso Senhor ora por Simão Pedro, para que sua confiança na Palavra de Deus – o que mais poderia motivá-lo a cumprir bem tamanha missão? – não desfalecesse (3). É evidente que quando Cristo diz isso, não se refere apenas ao bem espiritual do próprio Pedro, mas ao encargo que lhe confiou: o pescador deve manter-se forte na fé para que, por sua vez, “confirme seus irmãos.” (4)


No momento em que prenunciou a fundação da Igreja, Nosso Senhor prometeu ainda que “as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela” (5): ao mesmo tempo, promete a incorruptibilidade de Sua Igreja e a edifica sobre um humano, ou seja, um ser fraco e incapaz. Uma decisão que seria incoerente, se não fosse divina.








SUCESSÃO





Depois da ascensão de Nosso Senhor, os Apóstolos se espalharam pelo mundo conhecido em missão. Pedro, depois de passar por Antioquia, sendo seu primeiro Bispo, foi a Roma, capital do Império. Não se quer aqui provar que ele foi Bispo de Roma, ou provar sua sucessão em Lino, Anacleto, Clemente e outros duzentos e sessenta e tantos homens até Bento XVI; sobre isso há muitos bons artigos, e espera-se que o leitor deste já tenha aderido a esse fato histórico.




Não faria o menor sentido Cristo dar autoridade aos Apóstolos se, com a morte deles, ela se perdesse. Do mesmo modo, a jurisdição universal dada a Pedro não deixou de existir com sua crucificação. É essa realidade que devemos enxergar.




A Pedro Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus, concedeu autoridade sobre toda a Sua Igreja: autoridade vicarial, em lugar do próprio Cristo. Essa autoridade não se perdeu, não se corrompeu nem se desviou da Sã Doutrina, em virtude da assistência divina dada a quem a exerce, prometida por Nosso Senhor.




Precisamos nos maravilhar com a conclusão disso: hoje alguém entre nós possui a autoridade de Jesus Cristo. É o Sucessor de Pedro. É o Papa.
AMAR O PAPA




Veneramos a Bem-Aventurada Virgem Maria porque quis Deus que ela recebesse a inigualável honra de ser a Mãe de Deus, e ela correspondeu a essa graça. Veneramos São José porque quis Deus que ele ocupasse a função de pai de Nosso Senhor em sua vivência entre nós, e ele correspondeu a essa graça.




Quis também Deus que Simão Pedro, Lino, Anacleto, Giuseppe Sarto, Eugenio Pacelli, Albino Luciani, Karol Wojty?a e, hoje, Joseph Ratzinger tivessem na terra Sua autoridade, fossem Seus representantes, guiassem o rebanho dos fiéis em Seu nome: Vigários de Cristo. A eles deu e dá o Espírito Santo contínua assistência.




Veneremo-lo e amemo-lo, pois! Louvemos o Senhor por nos ter dado a enorme bênção que é o Papa, um rochedo firme em que podemos sem medo nos ancorar, sinal da unidade da Igreja e da preservação da Doutrina de Cristo: “Só existe um rochedo sobre o qual vale a pena construir a própria casa. Esta rocha é Cristo. Só há uma pedra sobre a qual vale a pena fundamentar tudo. Esta pedra é aquele a quem Cristo disse: ‘Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja.’” (6)





O Santo Padre guarda a Sã Doutrina intacta, tal qual Cristo e o Espírito Santo transmitiram à Igreja; governa a Igreja na Verdade e no Amor; mantém sob si a unidade querida por Nosso Senhor para Sua Igreja; escolhe os Bispos, sem os quais não há Sacramentos nem Sacerdotes, sem os quais Cristo não vem a nós pela Eucaristia; dedica cartas encíclicas, discursos, catequeses e documentos a nos ensinar melhor a nossa Fé; vai, quando o tempo lhe permite, encontrar as ovelhas que lhe foram confiadas em diversas partes do mundo; e tantas outras coisas! Como não amá-lo? Não apenas por ser Pio, João Paulo ou Bento, mas porque é o Papa. É “o Príncipe dos Apóstolos, Vigário de Cristo, Rocha segura de salvação. Nele encontramos a estrela que nos guia e dirige (…), o mestre que nos instrui, a voz que nos convoca a uma nova evangelização, o pai que nos acolhe e fortifica.” (7)








PROVA DE AMOR




“Como se deve amar o Papa? Não por palavras somente, mas por atos e com sinceridade.” (8) Amor nunca é simplesmente um “sentimento”, algo guardado, desprovido de vontade, abstrato até. Se assim for, não é amor. Amor é doação, não sentimento. Quando verdadeiramente amamos alguém, fazemos o que lhe agrada. Assim também devemos proceder com o Papa: “Amar o Papa é amar seus ensinamentos e cumpri-los fielmente.” (9)





Em suma, quem ama obedece. Não vale nada dizer “eu amo o Papa”, e prosseguir com os métodos anticoncepcionais artificiais, com o apoio às pesquisas com células-tronco embrionárias e com a opinião de que toda religião é boa e salva. Isso é incoerência, para não dizer hipocrisia. Não é amar verdadeiramente o Papa, mas achá-lo, no máximo, um velhinho fofo. Amor se prova na obediência.





Quão mais fácil isso não será, se sabemos que a origem de sua autoridade é divina, se sabemos que, agradando-lhe, estamos agradando principalmente a Deus, já que o ensinamento do Papa é o ensinamento confiado por Deus à Igreja? “Quem vos ouve, a Mim ouve; e quem vos rejeita, a Mim rejeita” (10): pois quem ama o Papa, ama a Cristo! “O amor ao Romano Pontífice há-de ser em nós uma formosa paixão, porque nele vemos a Cristo”. (11)




Não há melhor forma de demonstrar nosso amor a Cristo ao obedecermos com amor àquele que Ele escolheu como Seu Vigário. “Na adesão e no amor ao Papa, encontramos o segredo e a forma mais genuína da nossa fidelidade a Jesus Cristo e à Igreja, pois o Santo Padre, como sucessor de Pedro, é a rocha, a pedra angular sobre a qual Cristo edifica a sua Igreja. Por isso, unidos a ele e aos bispos em comunhão com ele, permanecemos unidos ao próprio Cristo.” (!12)





A própria expressão “Papa” já vem carregada de amor: papai. Mais que um pastor, ele é um pai, nosso papai. Na terra, “o melhor e mais amável de todos os pais” (13) , reflexo do Pai Celeste. Um pai que nos ensina, um pai que nos alimenta espiritualmente, um pai que pega nossa mão e nos guia até Nosso Senhor. Um pai em quem encontramos segurança; quando vemos seitas se dizendo portadoras da Palavra de Deus, guerreando entre si e conosco, podemos com confiança nos agarrar a nosso papai, correr até seu colo, porque sabemos que ele diz a Verdade. Papai só quer o nosso bem.




DOM DE DEUS




O Vigário de Cristo, a pedra sobre a qual Ele edifica Sua Igreja, o guardião da Fé, aquele que apesar de suas fraquezas humanas possui autoridade divina, aquele a quem Deus dignou-se confiar o Seu rebanho, nosso pastor, nosso papai, o doce Cristo na terra. Diante de tudo que, pela graça de Deus, o Romano Pontífice é, não podemos deixar de dobrar os joelhos com reverência, mas principalmente com profundo amor. “O teu maior amor, a tua maior estima, a tua mais profunda veneração, a tua obediência mais rendida, o teu maior afeto hão de ser também para o Vice-Cristo na terra, para o Papa. Nós, os católicos, temos de pensar que, depois de Deus e da nossa Mãe, a Virgem Santíssima, na hierarquia do amor e da autoridade, vem o Santo Padre.” (14)




Já no século I a Igreja, por amor, rezava pelo primeiro Papa enquanto esteve preso (15). O amor ao Papa é dom de Deus. Peçamos a Ele que nos ajude a amar cada vez mais o zeloso pastor que Ele convocou para cuidar de seu rebanho. Que possamos dizer: “Obrigado, meu Deus, pelo amor ao Papa que puseste em meu coração.” (16)





Bibliografia:




(1) Jo 21, 14-17.
(2) Mt 16, 18.
(3) Cf. Lc 22, 32
(4) Id.
(5) Mt 16, 18
(6) BENTO XVI. Discurso do Santo Padre durante o encontro com os jovens da Polônia. 27.5.2006
(7) HOYOS, Darío Castrillón. Saudação aos sacerdotes. 17.05.2000
(8) SÃO PIO X. Alocução aos Padres da Confraria “A União Apostólica”. 18.11.1912
(9) SODANO, Angelo. Mensagem por ocasião da XXXVIII Assembléia Geral da CNBB. 27.04.2000
(10) Lc 10,16
(11) ESCRIVÁ, São Josemaría. Amar a Igreja, ponto 30.
(12) MACIEL, Pe. Marcial. Carta de 9.4.1986.
(13) BOSCO, São João. Epistolário.
(14) ESCRIVÁ, São Josemaría. Forja, ponto 135.
(15) Cf. At 12, 5
(16) ESCRIVÁ, São Josemaría. Caminho, ponto 573.


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Para citar:



KÖLLER, Felipe. Apostolado Sociedade Católica: Quem vos ama, a Mim ama. Disponível em: http://www.sociedadecatolica.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=454

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