A ORAÇÃO
A oração[1] nem sempre surge fácil e com freqüência não sabemos fazê-la. Aqui você encontrará os tipos de oração, oração vocal, oração meditada, oração contemplativa e o combate na oração.
A oração e a vida crista são inseparáveis, porque se trata do próprio amor e da própria renúncia que procede do amor. "Orai continuamente" (1Tessalonicenses 5,17). Orar é sempre possível. É, inclusive, uma necessidade vital.
Tipos de Oração
A Igreja convida os fiéis a uma oração regrada: orações diárias, liturgia das horas, Eucaristia dominical, solenidades do ano litúrgico.
A tradição cristã contém três importantes expressões da vida de oração. As três têm em comum o recolhimento do coração:
1. Oração vocal
Fundamentada na união do corpo com o espírito na natureza humana, associa o corpo à oração interior do coração a exemplo de Cristo que ora a seu Pai e ensina o "Pai Nosso" aos seus discípulos.
2. Meditação
É uma busca orante, que faz intervir o pensamento, a imaginação, a emoção, o desejo. Tem por objeto a apropriação fiel da realidade considerada, que é confrontada com a realidade da nossa vida.
3. Oração contemplativa[2]
É a expressão simples do mistério da oração. É um olhar de fé, fixado em Jesus; uma escuta da Palavra de Deus; um amor silencioso. Realiza a união com a oração de Cristo à medida que nos faz participar de seu mistério.
Recordai o que narram os Evangelhos acerca de Jesus: às vezes, passava a noite inteira ocupado em colóquio íntimo com seu Pai. Como os primeiros discípulos amavam a figura do Cristo orante!
São Lucas rapidamente retrata o comportamento dos primeiros fiéis: animados por um mesmo espírito, perseveravam unidos na oração.
O templo de bom cristão se adquire, com a graça, na forja da oração. E este alimento da prece, por ser vida, não se desenvolve de uma hora para outra. O coração se desafogará habitualmente com palavras nessas orações vocais ensinadas pelo próprio Deus (o Pai Nosso) ou seus anjos (a Ave Maria). Outras vezes nos utilizaremos das orações transmitidas pelo tempo, as quais se converteram em piedade de milhões de irmãos na fé: as da liturgia (Lex orandi), as que nasceram da paixão de um coração apaixonado, como tantas antífonas marianas (Sub tuum praesidium, Memorare, Salve Regina...).
Em outras ocasiões, nos bastarão duas ou três expressões, lançadas ao Senhor como Saeta, Iaculata: jaculatórias, que aprendemos na leitura atenta da história de Cristo: "Domine, si vis, potes me mundare" - "Senhor, se queres, podes me curar"; "Domine, tu omnia nosti, tu scis quia amo te" - "Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo"; "Credo, Domine, sed adiuva incredulitatem meam" - "Creio, Senhor; porém ajuda na minha incredulidade, fortalece a minha fé"; "Domine, non sum dignus" - "Senhor, eu não sou digno"; "Dominus meus et Deus meus" - "Meu Senhor e meu Deus"... ou outras frases, breves e afetuosas, que brotam do fervor íntimo da alma, e respondem a uma circunstância concreta.
Graças a esses momentos de meditação - às orações vocais, às jaculatórias - saberemos converter nossa jornada, com naturalidade e sem espetáculo, em um contínuo louvor a Deus. Nos manteremos em sua presença, como os apaixonados dirigem continuamente seu pensamento à pessoa que amam; e todas as nossas ações - mesmo as mais pequeninas - se encherão de eficácia espiritual.
Por isso, quando um cristão segue por este caminho de relação ininterrupta com o Senhor - e é um caminho disponível para todos e não apenas um grupo de privilegiados - a vida interior cresce, segura e firme; e se afiança no homem esta luta, amável e exigente por sua vez, para se realizar até o fundo a vontade de Deus.
Orar nos acontecimentos de cada dia e de cada instante é um dos segredos o Reino revelados aos "pequeninos", aos servidores de Cristo, aos pobres das bem-aventuranças. É justo e bom orar para que a vinda do Reino de justiça e paz influa na marcha da História; porém, também é importante impregnar de oração as humildes situações cotidianas. Todas as formas de oração podem ser o fermento com que o Senhor compara o Reino (cf. Lucas 13,20-21).
O Combate da Oração
A oração supõe um esforço e uma luta contra nós mesmos e contra as astúcias do Tentador. O combate da oração é inseparável do "combate espiritual" necessário para agir habitualmente segundo o Espírito de Cristo: ora-se como se vive porque vive-se como se ora.
As principais dificuldades que encontramos no exercício da oração são:
- A distração;
- A frieza.
O remédio para isto encontra-se na fé, na conversão e na vigilância do coração:
As tentações que frequentemente ameaçam a oração são:
- A falta de fé
- A acídia, que é uma espécie de depressão ou de preguiça devida ao relaxamento da ascese e que leva ao desânimo.
- Devemos também combater as concepções errôneas, as diversas correntes de mentalidade e a experiência de nossos fracassos.
A estas tentações, que colocam em dúvida a utilidade ou a própria possibilidade da oração, convém responder com humildade, confiança e perseverança.
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Notas:
[1] [1] Cf. Catec. Igr. Cat. §§ 720-1724; 2752-2755; 2760;
[2] Cf. FG, 119.
Fonte: Veritatishttp://www.veritatis.com.br/article/5155
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