Continuando a falar sobre a bela vocação ao sacerdócio, segue um texto do prof. Felipe Aquino sobre o Sacramento da Ordem.
Abraços e uma ótima quarta feira para você!
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O sacramento da ordem
O sacramento da ordem
Este é o Sacramento que constitui os Ministros do Senhor. Ele pode ser ministrado em três Ordens: episcopado, presbiterado e diaconato.
No Antigo Testamento, Deus escolheu a tribo de Levi para dela saírem os sacerdotes da antiga aliança. Eram muitos os sacerdotes, os ritos e os sacrifícios (Nm 3,11-13; Lv 1,27-34).
Jesus veio para com o seu sacrifício levar à plenitude os sacrifícios da Antiga Aliança; por isso, Ele aboliu o sacerdócio levítico e fez-se Ele mesmo o Único Sacerdote da Nova e Eterna Aliança, de acordo com Melquisedec, Rei e Sacerdote (Hb 7,1-10; 10,4-10). Como único Sacerdote ofereceu um Único sacrifício, oblação perfeita da sua vida da sua vontade, entregues ao Pai. O seu Sim, inspirado no amor a nós, apagou o Não dito pelo primeiro homem por falta de amor ao Pai.
Até que Ele volte Cristo quer continuar o seu sacerdócio para aplicar os frutos da Redenção aos homens, através dos ministros que Ele escolheu e escolhe. Estes participam do único e mesmo sacerdócio de Jesus e oferecem o único sacrifício do Senhor na cruz; agem como se fossem a mão e o braço de Jesus estendido através de todos os séculos, para salvar todos os homens. Jesus escolheu os Doze Apóstolos para dar início à Igreja, porque quis que ela não fosse um povo sem forma, ao contrário, a quis estruturada em uma hierarquia definida, como mostram os Evangelhos: “Ele escolheu Doze para estarem com Jesus” (Mc 3, 13-16).
Jesus lhes deu ordem e poder de agirem como se fosse Ele mesmo: “Quem vos ouve, a mim ouve; que vos rejeita a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10,16).
Segundo o Concílio de Trento, os Apóstolos foram constituídos sacerdotes na última Ceia. (DS, 1752[949]).
Além dos Doze, Jesus chamou mais 72 colaboradores, com missão análoga à dos Apóstolos. Os Atos dos Apóstolos mostram que Pedro e Paulo iam instituindo presbíteros (epískopoi em grego) onde passavam (At 14,23; 15,2-6; 11,30; Tt 1,5; 1Tm 4,14; 5,17; 1Pd5,1), para que esses dirigissem a comunidade.
Não havia igrejas independentes dos Apóstolos, como muitas são hoje criadas. Os Apóstolos também instituíram diáconos que ocupavam um lugar abaixo dos presbíteros (At 6,1-6; 1Tm 3,8-13).
Enquanto os Apóstolos eram vivos, eles eram os responsáveis pelas comunidades cristãs, abaixo deles havia um colegiado de anciãos (presbyteroi em grego) ou episkopoi (superintendente), e mais abaixo os diáconos. No fim da vida dos Apóstolos, foi surgindo o “episcopado monárquico”, sendo escolhido um presbítero que se tornava o pastor estável da comunidade, com o título exclusivo de episkopos (= bispo), enquanto os demais ficavam com o título e presbíteros. Assim, os bispos são os sucessores dos Apóstolos. Cada um tem jurisdição apenas sobre a sua diocese, enquanto o bispo de Roma, o Papa, que é sucessor direto de São Pedro, tem jurisdição sobre a Igreja toda.
A plenitude do sacerdócio de Cristo é conferida ao bispo. Ele pode consagrar a Eucaristia e ordenar presbíteros. Esses não podem ordenar outros presbíteros.
Nos primeiros séculos da Igreja houve as diaconisas, mulheres encarregadas da catequese e outras funções, mas não recebiam o sacramento da Ordem, apenas uma bênção (sacramental) para exercer o ministério.
O SACRAMENTO DA ORDEM NO CATECISMO
O Catecismo da Igreja ensina os pontos mais importantes do Sacramento da Ordem.
§ 1536 – A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo a seus Apóstolos continua sendo exercida na Igreja até o fim dos tempos; é, portanto, o sacramento do ministério apostólico.
Comporta três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado.
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§ 1539 – O povo eleito foi constituído por Deus como “um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Ex 19,6) (Cf. Is 61,6). Mas, dentro do povo de Israel, Deus escolheu uma das doze tribos, a de Levi, reservando-a para o serviço litúrgico (Cf. Nm 1,48-53), Deus mesmo é sua herança (Cf. Js 13,33). Um rito próprio consagrou as origens do sacerdócio da antiga aliança (Cf. Ex 29,1-30; Lv 8).
Os sacerdotes são aí “constituídos para intervir em favor dos homens em suas relações com Deus, a fim de oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (Cf. Hb 5,1).
§ 1540 – Instituído para anunciar a palavra de Deus (Cf. Ml 2,7-9) e para restabelecer a comunhão com Deus pelos sacrifícios e pela oração, esse sacerdócio continua, não obstante, impotente para operar a salvação. Precisa, por isso, repetir sem cessar os sacrifícios, e não é capaz de levar à santificação definitiva (Cf. Hb 5,3.7,27; 10,1-4), que só o sacrifício de Cristo deveria operar.
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O Único sacerdócio de Cristo
§ 1544 – Todas as prefigurações do sacerdócio da antiga aliança encontram seu cumprimento em Cristo Jesus, “único mediador entre Deus e os homens” (1Tm 2,5). Melquisedec, “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14,18), é considerado pela Tradição cristã como uma prefiguração do sacerdócio de Cristo, único “sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedec” (Hb 5,10;6,20), santo, inocente, imaculado” (Hb 7,16), que “com uma única oferenda levou à perfeição, e para sempre, os que ele santifica” (Hb 10,14), isto é, pelo único sacrifício de sua Cruz.
§ 1545 – O sacrifício redentor de Cristo é único, realizado uma vez por todas. Não obstante, torna-se presente no sacrifício eucarístico da Igreja. O mesmo acontece com o único sacerdócio de Cristo: torna-se presente pelo sacerdócio ministerial, sem diminuir em nada a unicidade do sacerdócio de Cristo. “Por isso, somente Cristo é o verdadeiro sacerdote; os outros são meus ministros.” (Sto. Tomás de Aquino, Hebr., 7,4).
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§ 1547 – O sacerdócio ministerial ou hierárquico dos bispos e dos presbíteros e o sacerdócio comum de todos os fiéis, embora “ambos participem, cada qual a seu modo, do único sacerdócio de Cristo” (LG 10), diferem, entretanto, essencialmente, mesmo sendo “ordenados um ao outro” (LG 10). Em que sentido? Enquanto o sacerdócio comum dos fiéis se realiza no desenvolvimento da graça batismal, vida de fé, de esperança e de caridade, vida segundo o Espírito, o sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum, refere-se ao desenvolvimento da graça batismal de todos os cristãos.
É um dos meios pelos quais Cristo não cessa de construir e de conduzir sua Igreja. Por isso, é transmitido por um sacramento próprio, o sacramento da Ordem.“In persona Christi Capitis” (Na pessoa de Cristo Cabeça...)
§ 1548 – No serviço eclesial do ministro ordenado, é o próprio Cristo que está presente à sua Igreja enquanto Cabeça de seu Corpo, Pastor de seu rebanho, Sumo Sacerdote do sacrifício redentor, Mestre da verdade. A Igreja o expressa dizendo que o sacerdote, em virtude do sacramento da Ordem, age “in persona Christi Capitis” (na pessoa de Cristo Cabeça) ( Cf. LG 10; 28; SC 33; CD 11; PO 2; 6).
Na verdade, o ministro faz as vezes do próprio Sacerdote, Cristo Jesus. Se, na verdade, o ministro é assimilado ao Sumo Sacerdote por causa da consagração sacerdotal que recebeu, goza do poder de agir pela força do próprio Cristo que representa (“Virtute ac persona ipsius Christi”) ( Pio XII, enc. Mediator Dei).“Cristo é a origem de todo sacerdócio: pois o sacerdote da [Antiga] Lei era figura dele, ao passo que o sacerdote da nova lei age em sua pessoa.”(Sto. Tomás de Aquino, S. Th III, 22,4).
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§ 1550 – Esta presença de Cristo no ministro não deve ser compreendida como se estivesse imune a todas as fraquezas humanas, ao espírito de dominação, aos erros e até aos pecados. A força do Espírito Santo não garante do mesmo modo todos os atos dos ministros. Enquanto nos sacramentos esta garantia é assegurada, de tal forma que mesmo o pecado do ministro não possa impedir o fruto da graça, há muitos outros atos em que a conduta humana do ministro deixa traços que nem sempre são sinal de fidelidade apostólica da Igreja.
§ 1556 – Para desempenhar sua missão, “os Apóstolos foram enriquecidos por Cristo com especial efusão do Espírito Santo, que desceu sobre eles. E eles mesmos transmitiram a seus colaboradores, mediante a imposição das mãos, este dom espiritual que chegou até nós pela sagração episcopal” (LG 21).
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§ 1558 – “A sagração episcopal, juntamente com o múnus de santificar, confere também os de ensinar e de reger... De fato, mediante a imposição das mãos e as palavras da sagração, é concedida a graça do Espírito Santo e impresso o caráter sagrado, de tal modo que os Bispos, de maneira eminente e visível, fazem as vezes do próprio Cristo, Mestre, Pastor e Pontífice, e agem em seu nome (“in eius persona agant”)” (Ibid). “Os Bispos, portanto, pelo Espírito Santo que lhes foi dado, foram constituídos como verdadeiros e autênticos mestres da fé, pontífices e pastores”(CD. 2).
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Do livro OS SETE SACRAMENTOS
Do Prof. Felipe Aquino
2 comentários:
Realmente uma maravilha da inspiração do Amável Deus, irmão, os seus textos!Deus é Delicado com Seu povo ao inspirar almas a aspergir o Seu Amor e o Seu Perfume no mundo. Que Jesus e Maria continuem a lhe abençoar sempre e muito a fim de que seja sempre um dócil instrumento nas Suas Mãos!aBÇOS n'eLES!
Belíssima inspiração a desse texto de Felipe Aquino! Obrigada irmão, por suas palavras e seu fraterno amor com o próximo!Jesus Amado e Maria Santíssima lhe abençoem e guardem sempre! Abços em Cristo!
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