Leitor pergunta posição da Igreja sobre avó que "emprestou" útero
Por Silvio L. Medeiros
Por Silvio L. Medeiros
Face as últimas notícias de que uma avó "emprestou" seu útero para que sua filha se tornasse mãe, uma vez que essa não podia engravidar, pergunto: qual a posição da Igreja sobre esse assunto?
Quais documentos do Papa regula essa matéria?
Desde já, agradeço por sua atenção. Que Deus os abençõe sempre, e que N.Sª Aparecida seja intercessora perene por toda sua família, diante de Seu Filho.
Olá caríssimo sr. Luiz Vicente. Agradecemos o contato e a confiança em nosso apostolado enquanto desejamos toda a paz que procede da parte de Nosso Senhor. Vossa pergunta é pertinente para um assunto que ainda gera muita dúvida entre os católicos e as pessoas de boa vontade em geral.
A posição da Igreja sobre este assunto nos é ditada pela moral, que sempre nos orienta a fazer o bem e a evitar o mal. Este caso é claramente imoral por se tratar de uma inseminação artificial, sempre ilícita e anti-natural já que se trata de uma dissociação do ato reprodutivo com o ato unitivo (próprios da relação sexual), seguida dos gravíssimos atos de manipulação de embriões que sempre acabam destruindo muitos conceptos e da implantação num útero que não pertencente a verdadeira mãe.É o eterno dilema entre o "poder" e o "dever"; nem tudo que se pode fazer, deve-se fazer.
A natureza humana precisa ser respeitada desde seu início sem violações e intervenções como esta que coloca em risco nossa própria dignidade; devemos ser frutos de uma relação sexual, de uma entrega mútua de amor entre nossos pais como dom supremo de um compromisso que dilatou as portas de seus corações. Imagine agora a mente e a afetividade dessa criança quando tiver sua capacidade intelectual formada: saber-se gerado no ventre de sua avó, selecionado num laboratório e fecundado por mãos estranhas a vista de um microscópio. Temos o direito de fazer isso? Temos o direito de "fazer" filhos como se fosse um produto a ser encomendado e dispor de sua vida como fazemos com um objeto? Claro que não.
Existem vários parágrafos muito esclarecedores dedicados a este assunto no Catecismo da Igreja Católica, dos quais destacamos alguns abaixo:2376 – As técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero), são gravemente desonestas.
Estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem “o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente um através do outro” (CDF, instr. DV, 2,1).2377 – Praticadas entre o casal, essas técnicas (inseminação e fecundação artificiais homólogas) são talvez menos claras a um juízo imediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o ato sexual do ato procriador.
O ato fundante da existência dos filhos já não é um ato pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas um ato que “remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoa humana. Uma tal relação de dominação é por si contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos” (CDF, instr. DV, II,741,5). “A procriação é moralmente privada de sua perfeição própria quando não é querida como o fruto do ato conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos... Somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com a dignidade da pessoa” (CDF, instr. DV, II,4).2378 - O filho não é algo devido, mas um dom. O "dom mais excelente do matrimônio" e uma pessoa humana.
O filho não pode ser considerado corno objeto de propriedade, a que conduziria o reconhecimento de um pretenso "direito ao filho". Nesse campo, somente o filho possui verdadeiros direitos: o "de ser o fruto do ato específico do amor conjugal de seus pais, e também o direito de ser respeitado como pessoa desde o momento de sua concepção".2379 - O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infantilidade unir-se-ão à Cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo.
Indicamos também a leitura de outros artigos sobre o mesma tema no caso de maior desejo por aprofundamento:
Em Cristo Jesus, esperamos ter sido úteis.
Para citar este artigo:
MEDEIROS, Silvio L. Apostolado Veritatis Splendor: Leitor pergunta posição da Igreja sobre avó que "emprestou" útero . Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4626. Desde 21/11/2007.
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